Da Quinta da Boa Vista, a primeira parada foi na Fazenda de Santa Cruz, que era da própria família imperial. Ali pernoitou. No dia seguinte, d. Pedro já estava em terras paulistas. Chegou à Fazenda Três Barras, em Bananal, na época pertencente ao capitão Hilário Gomes de Almeida – que, doente, estava acamado e foi visitado pelo príncipe em seu quarto. Hoje ali funciona um hotel-fazenda.
No dia 17 de agosto, um d. Pedro “quase anônimo” foi para São José do Barreiro, passando pela Fazenda Pau d’Alho. “A fazenda, que começou a ser construída em 1817 pelo coronel João Ferreira, recebeu o príncipe para uma refeição apressada”, pontua o historiador. “Apostando corrida com os demais componentes da comitiva, chegou antes do esperado na fazenda e pediu um prato de comida. A proprietária, sem saber que o forasteiro era d. Pedro, não negou comida ao viajante, mas o recebeu na cozinha, afinal a sala de jantar estava sendo preparada com toda a pompa e circunstância para receber o príncipe regente para almoçar.”
Em seguida, ainda no mesmo dia, foi a vez de a comitiva parar na casa do capitão-mor Domingos da Silva, em Areias. “Teria dormido no último quarto, uma espécie de mirante ainda existente de onde é possível ver parte da cidade e da região”, relata Rezzutti. Cachoeira Paulista, então chamada de Porto Cachoeira, foi ponto de parada rápida no dia 18. À noite, a comitiva chegou à Lorena. “Nessa cidade, d. Pedro ficou na casa do capitão-mor Ventura José de Abreu. A residência não existe mais. O príncipe teria plantado uma das primeiras palmeiras da Rua das Palmeiras, que se localiza no centro da cidade. Também conheceu a Casa de Câmara e Cadeia, que não foi preservada, e a igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.”
Em Guaratinguetá, no dia 19, ficou hospedado na casa do capitão-mor Manoel José de Melo – cuja construção não existe mais. A comitiva saiu maior de Guaratinguetá. D. Pedro arregimentava novos seguidores, que formavam uma guarda de honra. O grupo passou pela então Capela de Nossa Senhora Aparecida, hoje município de Aparecida. Segundo a tradição popular, além de suas orações d. Pedro teria feito um voto, se tudo ocorresse bem, ele tornaria N.S. Aparecida padroeira do Brasil.
A parada seguinte seria em Pindamonhangaba. Ali, d. Pedro ficou hospedado no sobrado do irmão do capitão-mor, o monsenhor Ignácio Marcondes de Oliveira Cabral. “Conhecido como ‘sobrado dos Marcondes’. “Devido à grande quantidade de homens influentes da região a se juntarem a d. Pedro em sua guarda de honra, existe numa das praças centrais da cidade um monumento lembrando esse fato. Outra curiosidade é que Pinda foi a única cidade sem ser capital que recebeu os restos mortais de d. Pedro I durante as comemorações do Sesquicentenário da Independência. O caixão ficou na igreja de São José nos dias 2 e 3 de setembro de 1972.
No dia 22, foi recebido pelo capitão-mor Claudio José Machado, em Jacareí. “Uma curiosidade: A travessia de Taubaté para Jacareí era feita de balsa pelo Rio Paraíba. Conta-se a história que d. Pedro, irrequieto como só ele, sem ter paciência para esperar a balsa, esporeou a montaria e atirou-se às águas do Paraíba para ser logo recebido pela multidão de Jacareí que o esperava do outro lado da margem. Após ser recebido, com os calções molhados, pôs-se a procurar alguém que tivesse o seu tamanho e que estivesse com as calças secas”, narra Rezzutti. “A vítima foi Adriano Gomes Vieira, Adriano teve a ‘honra’ de dar suas calças secas para o príncipe, ficando com as molhadas dele.”
Em Mogi das Cruzes, no dia 23, foi recebido pela população local e assistiu à missa na Igreja de Sant’Ana, onde hoje está a Catedral de mesmo nome. Ali, ficou hospedado com o capitão-mor Francisco de Mello. Chegaria a Penha de França, hoje parte da cidade de São Paulo, no dia 24. Assistiu à outra missa ali, na manhã do dia 25, antes de sua entrada oficial em terras paulistanas, quando foi recebido pela vereança, pelos religiosos e pela população diante da Igreja e Convento do Carmo. “A igreja da Ordem Terceira e o relevo do local, são os dois únicos guardiões atuais da passagem do príncipe pelo local”, comenta.
Em São Paulo, d. Pedro teve uma intensa rotina antes do 7 de setembro que foi eternizado. “Convocou novas eleições e, enquanto isso, governou a província interinamente”, afirma Rezzutti.
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