- “Não haverá mais fitas verdes no palácio?”
Dona Leopoldina respondeu que não havia, porém sorridente seguiu aos seus aposentos, para mais uma busca. A Princesa Real revirou os aposentos, abrindo todas as gavetas que encontrou à procura de fitas verdes. Sem sucesso, dispunha-se a voltar ao salão com as mãos vazias quando de relance viu seu leito, cujas fronhas, ostentavam, a correr pelos ilhoses do bordado, fitas da cor do Reino Independente do Brasil. Sem pensar duas vezes a futura Imperatriz arrancou todas as fitas de suas fronhas e retornou ao salão, ruborizada e feliz, para distribuir os distintivos. Embalada pelo entusiasmo, inocentemente exclamou:
- “Não havia mais fitas verdes, mas arranquei as dos travesseiros de minha cama!”
O silêncio absoluto tomou conta do salão de festas, a futura Imperatriz corou, uma vez que ninguém se sentia digno da honra de tais distintivos, que mesmo provisórios ornamentavam a cama da Arquiduquesa. Quebrando o silêncio, o primeiro a dar um passo foi Antônio de Menezes Vasconcellos Drummond, que em seguida se inclinou perante a mão estendida de Dona Leopoldina que continha os laços, beijando-lhe os dedos, exclamando um sincero “Obrigado, Majestade”. Vasconcellos Drummond neste ato foi o primeiro a chamar Dona Leopoldina pelo título de Soberana do Brasil.
Baseado em texto do livro "Revivendo o Brasil-Império"
Imagem: “Leopoldina, Arquiduquesa d'Áustria”, Jean-François Badoureau (gravura) e Jules Antoine Vautier (desenho), séc. XIX, atualmente no Palácio do Itamaraty.
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