terça-feira, 8 de agosto de 2017

O PRÍNCIPE REGENTE VAI À PRAIA!

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Um costume hoje tão corriqueiro e trivial nas cidades litorâneas brasileiras de ir à praia não existia no Brasil até a chegada da Família Real Portuguesa em 1808 e os hábitos mantidos pela Família Imperial Brasileira posteriormente. O Brasil, se não deve inteiramente o banho de mar à Dom João VI, deve sua popularização e introdução veloz no Brasil a ele, uma vez que não era hábito costumeiro ou civilizado.

Em 1810 o Príncipe Regente Dom João estava com uma perna infeccionada por causa de um carrapato e, seguindo orientações médicas moderníssimas, inaugurou o costume do banho de mar no Brasil. As teorias médicas eram originárias da Grã-Bretanha, após os trabalhos do doutor Richard Frewin, datados de 1749, onde apontava banhos de mar para curar doenças físicas e até psíquicas.

O banho inaugural teve lugar na praia do Caju, local próximo da Quinta da Boa vista, onde foi utilizado um casarão pertencente ao negociante de café Antônio Tavares Guerra, recebendo o nome “Chácara Imperial Quinta do Caju”. De lá o Príncipe Regente partia para os banhos de mar regulares que tomou para o tratamento. Dom João seguindo o costume europeu da época em que se resguardava o corpo, e também por seu medo de caranguejos, foi levado ao mar em uma caixa de madeira perfurada, para a água poder entrar, e somente suas pernas eram molhadas. Seu ferimento foi felizmente curado após uma série de banhos.

Sob o mesmo pretexto, de tratamento à saúde e por indicação médica, a Princesa Dona Carlota Joaquina e suas filhas, as Infantas de Portugal, tomavam banhos regulares em Botafogo, perto da residência oficial da Princesa, já Dom Pedro I, sem tantas precauções ou resguardos, tomava frequentes banhos de mar no Flamengo. Paralelamente a Corte seguiu o exemplo e explodiu o número de casas de banhos terapêuticos, oferecendo piscinas com água do mar e locais para se trocar e guardar as roupas com preços que chegavam à 320 Réis, o dobro do preço de um ingresso do Circo Olímpico, o principal da cidade.

Eram evitadas as praias principais, por elas serem verdadeiros lixões onde eram despejadas pelos escravos as latrinas diariamente, e por causa da visibilidade, por exemplo, as senhoras banhavam-se de madrugada, para não serem vistas. Em 1860, Dom Pedro II contribuiu ainda mais para sua popularização iniciando um grande projeto sanitarista na capital do Império, limpando as praias principais e introduzindo um sistema de esgoto. A partir disto as praias centrais começaram a ser frequentadas e a moda se popularizou, ganhando mais adeptos, tornando-se um costume tipicamente brasileiro e cada vez mais afrouxando as normas de pudor, que ainda são motivo de muita polêmica.

- Baseado parcialmente no texto de Álvaro Silva para revista “Aventuras na História”

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