terça-feira, 28 de novembro de 2017

DECRETO Nº 3.151, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1882

Concede favores a Americo de Castro e ás emprezas que se organizarem com o fim de construir edificios para habitação de operarios e classes pobres, na cidade do Rio de Janeiro e seus arrabaldes.

Hei por bem Sanccionar e Mandar que se execute a seguinte Resolução da Assembléa Geral:

 Art. 1º O Governo fica autorizado para conceder a Americo de Castro e ás emprezas que se organizarem com o fim de construir edificios destinados à habitação de operarios e classes pobres, na cidade do Rio de Janeiro e seus arrabaldes, segundo os planos mais convenientes approvados pelo mesmo Governo, os seguintes favores:

1º Isenção, até 20 annos, do imposto predial, excluida a taxa addicional do § 3º, parte 1ª do art. 11 da Lei n. 719 de 28 de Setembro de 1853, destinada ao serviço da limpeza das casas e do esgoto da cidade, conforme o Decreto n. 1929 de 29 de Abril de 1857, cessando a isenção si os edificios forem alienados pelas emprezas, salvo no caso de cessão e transferencia de concessões;

2º Dispensa, pelo mesmo prazo, do imposto de transmissão de propriedade, quanto á acquisição de immoveis necessarios ás construcções, segundo os planos approvados;

3º Direito de desapropriação, conforme a Lei n. 816 de 10 de Julho de 1855, relativamente aos terrenos particulares comprehendidos nos ditos planos, comtanto que nos mesmos terrenos não haja edificios sujeitos ao pagamento do imposto predial ou isentos deste por lei;

4º Concessão gratuita, até 20 annos, do dominio util dos terrenos do Estado comprehendidos nos planos, e, findo este prazo, preferencia para o aforamento pelo preço e com as condições ordinarias, conforme a legislação em vigor.

§ 1º As emprezas serão obrigadas ao pagamento das despezas com a demolição dos cortiços condemnados pela autoridade competente, sendo os donos destes indemnizados sómente das obras respectivas, segundo arbitramento, na fórma do direito commum.

§ 2º Nos contratos que o Governo celebrar para as concessões facultadas, e nos regulamentos que expedir para execução desta lei, estabelecerá o seguinte:

1º Prazo certo para a organização das emprezas, apresentação dos respectivos estatutos, planos e plantas das contrucções, começo e conclusão destas, e duração dos favores;

2º Especificação dos casos de suspensão e perda dos mesmos favores, caducidade ou rescisão das concessões e applicação de multas até á quantia de 5:000$000. Condições concernentes à salubridade, conforto e modicidade de preços do aluguel das habitacões, e á policia e regimen interno dos edificios, mediante accôrdo com a Municipalidade, e applicação da pena de prisão até oito dias e multas até a quantia já declarada.

Art. 2º Ficam revogadas as disposições em contrario.

 O Visconde de Paranaguá, Conselheiro de Estado, Senador do Imperio, Presidente do Conselho de Ministros, Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Fazenda e Presidente do Tribunal do Thesouro Nacional, assim o tenha entendido e faça executar.

Palacio do Rio de Janeiro em 9 de Dezembro de 1882, 61º da Independencia e do Imperio.

Com a rubrica de Sua Magestade o Imperador.

Visconde de Paranaguá.

Chancellaria-mór do Imperio. - João Ferreira de Moura.

Transitou em 11 de Dezembro de 1882. - José Bento da Cunha Figueiredo Junior. - Registrado.

Publicado na Secretario de Estado dos Negocios da Fazenda em 12 de Dezembro de 1882. - José Severiano da Rocha.

FONTE: CÂMARA FEDERAL

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

ENTREVISTA COM DOM LUIZ PHILIPE DE ORLEÁNS E BRAGANÇA

Marcos Zanutto - Luiz Phillipe de Orleans e Bragança
Empresário, ativista e membro da família real defende mudança no sistema de governo e uma maior concentração de poder regional

O Brasil vem vivendo nos últimos três anos um turbilhão de acontecimentos no campo político, econômico e social. Segundo impeachment presidencial desde a redemocratização, denúncias contra o novo presidente, ex-chefe do Executivo nacional acusado de corrupção, principal líder da oposição afastado do mandato, casos de desvio de conduta envolvendo pessoas públicas, recessão, desemprego e crescimento do número de famílias na miséria são alguns dos problemas no País neste período. Soma-se a isto o deficit estrutural na segurança pública, saúde e educação.

Todas essas situações acabam fazendo com que muitos brasileiros se indignem e questionem qual o futuro da nação e como mudar esta realidade. Neste grupo, está inserido Luiz Phillipe de Orleans e Bragança, que no último dia 7 lançou em Londrina seu primeiro livro, "Por que o Brasil é um País atrasado?" (editora Novo Conceito). Empresário, membro da família real brasileira – é tetraneto de Dom Pedro II e trisneto da princesa Isabel -, ele é ativista político e um dos fundadores do Movimento Liberal Acorda Brasil, que defendeu o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Em entrevista à FOLHA, ele falou sobre as soluções que vê para o desenvolvimento do Brasil e sobre o atual momento do País.

O que o levou a escrever este livro?

Em 2014 iniciei um ativismo político, e já tinha um passado de estudo de ciência política. Comecei a participar junto com os grupos que surgiram e estavam se mobilizando nesta época. Porém, vi que a leitura deles não era a correta, pois estavam se mobilizando por uma questão política e partidária contra o PT e a Dilma. Vendo isso, montei uma apresentação no ano seguinte e passei a dar palestras para grupos de ativistas. Foi a partir disto que percebi que precisava contribuir de outras formas e o livro foi uma delas. Transferi muito conteúdo verbal para o texto e isso me tirou uma aflição. Agora, a próxima etapa é levar estas ideias para o debate.

E respondendo à pergunta do título, por que o Brasil é um país atrasado?

Nós nos organizamos mal e como um país de terceiro mundo. Temos um sistema presidencialista que concentra muito Poder Executivo e em Brasília. Com isso, nós, brasileiros, não temos soberania de fato e só exercemos o voto, não possuindo um mecanismo de autodeterminação. Além disso, o Estado interfere demais no viés da economia e cria muita regulamentação. Não temos absolutamente nada da nossa economia que não seja regulado. A soma disso resulta no nosso atraso, que vemos, por exemplo, na qualidade de vida do brasileiro. Moramos em um país riquíssimo, mas travado, porque possui instabilidade política e nós não temos institucionalização o bastante para dar uma boa estabilidade. São cem anos de um Estado assistencialista.

Então quais seriam os caminhos para um país mais evoluído?

Precisamos de um poder regional natural, mas é necessário que estejamos preparados, porque o brasileiro não se considera um líder. Ele se vê como um passivo seguidor de interferências externas e o risco disso piorar está nas próximas eleições, em que podemos nos tornar ainda mais subservientes aos políticos. Vejamos os candidatos que estão se apresentando, todos eles já estão comprometidos com algo externo. E aí vão surgindo várias promessas, como melhorar o SUS (Sistema Único de Saúde), mas o que temos hoje é o que vamos ter. Deveríamos ter uma descentralização, com orçamento participativo. Porém, o sistema presidencialista mata isso.

E qual seria o sistema mais adequado?

Quando se dá ao governo e ao prefeito o comando do orçamento e não à comunidade, esse comando não é verdadeiro. Temos que ter uma descentralização jurídica agora, com voto distrital e muito mais poder local e proteção contra essas concentrações de poderes superiores. O poder federal não é para estar fazendo isso tudo. É para trabalhar pela justiça, ordem e segurança pública. Não é para ele determinar, por exemplo, a previdência social, pois isso pode ser local, com as pessoas comandando suas opções de previdência. Não é uma função da União entregar de maneira unificada e central. Em países como França e Itália, é uma câmara só decidindo o futuro do nação, mas conta com voto distrital. Ou nós limitamos ao extremo o poder do presidente da República, e transferimos as competências para os governadores de Estado, ou adotamos um sistema parlamentarista, pois mesmo mantendo a coisa centralizada, você consegue tirar poder e criam-se dois Executivos, sendo um limitando o outro.

Em 1963 e 1993 houve plebiscitos, e a população preferiu o presidencialismo...

O sistema presidencialista, no plebiscito, foi defendido pela extrema esquerda. E o ideário do marxismo clama pela distribuição da concentração dos meios de produção e propriedade nas mãos do Estado, na figura do ditador de um proletariado. Depois que esse ditador surge e consegue concentrar isso tudo no Estado, aí é que ele vai fazer a distribuição de renda. Para que isso ocorra, precisa ter o presidencialismo. Toda a extrema esquerda foi quem fez as Diretas Já também. A Constituição de 1988 teve vários artigos de extrema esquerda e teve coisa que o João Goulart tentou, mas caiu em 1964 por causa disso. Quando houve a questão do plebiscito, esta parcela da população foi em defesa de um presidente e os parlamentaristas republicanos não monárquicos estavam "espremidos", porque do outro lado era a monarquia parlamentarista. Chegou a um mês do plebiscito que batemos 35% do Ibope e uma emissora de televisão ainda interferiu. No final, com campanha negativa, o parlamentarismo não prosseguiu.

A volta da monarquia seria uma possibilidade?

Está cedo para um novo modelo monárquico.

Você também é empresário. Quais os grandes entraves existentes hoje para o dirigente de um negócio?

O pequeno e médio empresário hoje no Brasil não tem nenhum incentivo para investir. Então, ele acaba não recebendo o valor que deveria. E quem é o pequeno e médio empresário? É o trabalhador que trabalhou mais do que a média, empreendeu e decidiu se tornar um empresário para ser dono. Todo este processo é dificultado pelo governo, com diversas regulamentações. Estes entraves ainda existem e não estão sendo diminuídos. Vejo ainda que, apesar do Brasil ter uma grande vocação agrícola, o boom para o País vai vir da indústria, pois temos uma boa matéria prima. O que precisamos é transformar isso em produtos finais e, se acontecer, teremos uma vantagem competitiva diante de todo o mundo. Quem não está sufocado pela regulamentação são os grande empresários, que têm uma serie de subsídios, investimento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e contam com apoio político. O próprio fato de ter uma Justiça do Trabalho é uma aberração. Que exista, mas nos Estados e não na União. Temos que dar opções aos brasileiros.

A corrupção é um dos grandes problemas do Brasil?

Ela é uma consequência e não uma causa. Todos os países têm corrupção, entretanto, não são todos que possuem um sistema que ajuda a corrupção como o nosso. Quanto mais você comanda os orçamentos e quanto menos transparência tem, mais terá corrupção. Não é algo cultural do brasileiro.

Em seu livro você defende o "recall de políticos". O que seria isso?

É um voto de não confiança. Você acabou de eleger o candidato. Ele é honesto, eficiente e de partido bom. Porém, ele te traiu como eleitor. Você faz um abaixo-assinado, que é submetido ao Tribunal Superior Eleitoral, local, para validar as assinaturas. Chamamos nova eleição para este cargo e esse político tem a opção de renunciar ou de tentar concorrer novamente ao cargo, mas com outros candidatos. Isso é rápido e em cerca de 90 dias tem uma remoção e colocação. Quando existe esta possibilidade, o politico já se cobra que ele precisa cumprir o que prometeu.

Você é um dos fundadores do Movimento Liberal Acorda Brasil, que se posicionou a favor do impeachment da Dilma. Qual a opinião da grupo sobre Michel Temer (PMDB)?

Depois do impeachment, todos os movimentos estão passando por uma fase de adaptação. Tem muita gente dentro do movimento que pensa como eu, de forma independente, e outros pensam que precisamos das reformas e, por isso, precisamos tolerar o Temer, o que também não é a maioria. Quando se tem essa desunião do que fazer, desmobiliza, e a maioria dos movimentos estão assim, divididos. Se tivesse uma coesão do que queremos ser, teríamos um engajamento bem amplo.

E como seria essa posição independente?

Já me posicionai contra o atual governo. Sou favorável às reformas, mas com muito mais amplitude que o Temer está fazendo. O próprio Michel Temer, em uma ética parlamentarista, nem existiria. Então eu trabalho com isso e tudo o que não é perto disso é uma distorção. No meu conceito, ele ocupa uma posição ilegítima, no entanto, está fazendo reformas legítimas. Essa situação cria um problema.

Você dá várias sugestões para melhorar o Brasil. Qual o primeiro passo para algumas delas se transformarem em algo concreto?


A minha militância é para trazer essa conscientização de que o problema não é político, mas de Estado. Precisamos separar o que é político, governo e Estado. E o Estado delimita o jogo politico de uma maneira muito ruim, não propiciando governos bons, mas sim governos com muita intervenção, planos nacionais e centralismo. No minuto que entendermos que temos um problema de Constituição, devemos alterá-la. Então, no mínimo, temos que ter menos emendas constitucionais. O meu ideal seria conscientizar para uma grande mudança constitucional, mas depois de 2018. E já com esta nova eleição, o eleitorado precisa cobrar isso de quem está "subindo".

LINK ORIGINAL - FOLHA DE LONDRINA

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

O MAIOR GOLPE POLÍTICO DA HISTÓRIA DO BRASIL

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Não compreendo a celebração da mentira que se convencionou chamar de “proclamação da república”. Porque a república presidencialista no Brasil foi imposta em 15 de novembro de 1889 com um golpe militar que derrubou a Monarquia Parlamentar Constitucional.
Desde lá, tivemos 34 presidentes e sete constituições. Assim como voltaria a acontecer em 1964, o golpe militar contou com o apoio das elites militar, política, econômica e intelectual. Diz-se que naquele 15 de novembro de 1889 o Brasil dormiu monarquista e acordou republicano. Era melhor o país não ter dormido.

Encerrava, assim, com imerecida desonra, a nossa Monarquia, que em três ocasiões (1834, 1837, 1881) reformou o seu modelo político para se adequar aos desafios da época e estava prestes a realizar a quarta reforma, com o Gabinete Ouro Preto, quando foi derrubada.

A república nasceu, portanto, maculada. Fruto de um golpe militar, jamais conseguiu superar as virtudes construídas pela nossa Monarquia e as vicissitudes de sua origem jacobina. Com a república, o que era ruim não era novo, e o que era novo virou tragédia.

A história da república presidencialista brasileira é, também, uma sucessão de golpes e do desenvolvimento de uma tradição política autoritária. A república começou com duas ditaduras (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto). A República Velha terminou em estado de sítio seguido de um golpe militar. A Era Vargas começou com um golpe eufemisticamente chamado de “Revolução de 1930” e sediou um golpe dentro do golpe em 1937, eufemisticamente batizado de “Estado Novo”, que de “novo” não tinha nem o ditador. Outro golpe ocorreu em 1945 para afastar Getúlio Vargas do poder e novas eleições foram convocadas. Em 1964, um contragolpe impediu o golpe orquestrado pelas forças ideológicas e políticas que sustentavam o governo de João Goulart. Entre 1964 e 1984, também houve golpes dentro do golpe. Golpe, portanto, não é novidade na história política republicana do Brasil.

Alguns apoiadores do golpe de 1889 perceberam muito cedo o tamanho do problema que ajudaram a criar. O sentimento de muitos que apoiaram a derrubada da Monarquia foi, aliás, semelhante ao expresso pelo jornalista e político Quintino Bocaiúva, polemista inveterado, republicano fervoroso. Em carta à Princesa Isabel, Bocaiúva pediu perdão a Deus pelo que fez para o advento da república e se disse surpreso pelo fato de o povo não "ter cortado a cabeça de quantos" como ele que haviam cometido "tão funesto erro".

A república presidencialista permitiu o crescimento do Estado e do poder do governo e contribuiu decisivamente para esvaziar do imaginário popular o sentido de dever e de responsabilidade existente durante a Monarquia e o substituiu gradualmente pela ação do governo. A consequência foi o aumento do estatismo na elite política e no imaginário popular.

Para impor culturalmente o novo modelo político num país majoritariamente monarquista, os republicanos fizeram tudo o que podiam para destruir quaisquer traços e símbolos públicos e imaginários da Monarquia. Nesse processo, a bandeira foi modificada, diversas datas cívicas foram criadas, tudo foi feito para tentar destruir de cima para baixo a identidade cultural e política monárquica cravada no espírito, no coração e na mente dos brasileiros.

Com isso, os republicanos sepultaram não só a Monarquia Parlamentar Constitucional, mas a parte benéfica de sua experiência de quase sete décadas de Brasil independente, incluindo a tentativa de desenvolver um governo representativo para delimitar o poder de cooptação pelo estado patrimonial. A república destruiu a herança e o espírito de continuidade que fornecia aquilo que Edmund Burke chamou de “um princípio seguro de conservação e um seguro princípio de transmissão; sem de todo excluir um princípio de melhoramento”, elementos capazes de manter “a união do passado e do presente, da tradição e do progresso” ("Reflexões sobre a Revolução em França", Tradução de Ivone Moreira, Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2015).

Lamentavelmente, nos restou não um legado virtuoso, mas uma infame caricatura criada pela ignorância e a ridicularização de um período relevante e fascinante da história brasileira.

Não, não houve “proclamação da república”. Houve golpe. O golpe mais nefasto da história do país e cujas consequências sociais, políticas e econômicas nos afetam até hoje.

O CÓDIGO CRIMINAL DO IMPÉRIO

O Código Criminal de 1830 foi o primeiro código penal brasileiro, sancionado poucos meses antes da abdicação de D. Pedro I, em 16 de dezembro de 1830. Vigorou desde 1831 até 1891, quando foi substituído pelo Código Penal dos Estados Unidos do Brasil (Decretos ns. 847, de 11 de outubro de 1890, e 1.127, de 6 de dezembro de 1890).

Nesse, Código (pelo fato de ser de 1830), possuem coisas que eram uma realidade e faziam sentido a época:
- Pena de Morte (forca)
- Trabalhos Forçados aos presos (galés, entre outros)
- Prisão Perpétua (nas galés ou trabalhos forçados perpétuos)
- Maioridade Penal de 14 anos (Art. 10. Também não se julgarão criminosos: 1º Os menores de quatorze anos.)
- Casas para os "loucos" (Art. 10. Os loucos que tiverem cometido crimes, serão recolhidos ás casas para eles
destinadas, ou entregues ás suas famílias, como ao Juiz parecer mais conveniente.)

Não havia prescrição de pena:

"Art. 65. As penas impostas aos réus não prescreverão em tempo algum."
(diferente da republiqueta)

Nota: (O atual Código utilizado, é o Código Penal de 1940, da época do Estado Novo, só que ""reformado"")

Para os menores que haviam cometido crime:

"Se, se provar que os menores de quatorze anos, que tiverem cometido crimes, obraram com discernimento, deverão ser recolhidos ás casas de correção, pelo tempo que ao Juiz parecer, com tanto que o recolhimento não exceda á idade de dezessete anos."

O Código possuía penas sobre: "Ofensas da Religião, da Moral, e Bons Costumes".

O que não se podia (lista):

Não se podia "mendigar"; fazer ajuntamentos suspeitos; observar cartas do correio alheio, depredar e atacar residências; publicar obras da autoria de outro; ofender a constituição, o código criminal, a Família Imperial, o Estado ou Governo, outras pessoas (se considerada uma desonra, contra o atacado);

Era proibido o infanticídio de todas as naturezas; ofender as religiões ou a "religião"; estuprar; matar; atacar; dar falso testemunho; "deflorar" garotas menores de 17 anos; era proibida a poligamia (enquanto não dissolvido o casamento); atacar o sistema de governo do Império, sua identidade, seu território e seu funcionamento; sociedades secretas eram proibidas; violar tratados estrangeiros; "desabilitar" de suas funções Sua Majestade Imperial;

Provocar motins; desobedecer a lei; reconhecer um estrangeiro como brasileiro, quando esse não o é; exercitar a pirataria; peculato, etc.

Nota: O Código cita, penas relacionadas a Escravidão (pois essa infelizmente em nosso país só foi abolida, como todos sabem em 1888, e que depois contribuiria com o Golpe de 1889. Pelo descontentamento dos "senhores" de escravos, porque não seriam indenizados, e pela "debandada" desses para o lado republicano).

Especificações das penas:

Pena de Morte (na forca):

“Art. 40. O réu com o seu vestido ordinário, e preso será conduzido pelas ruas mais publicas até á forca, acompanhado ao Juiz Criminal do lugar, aonde estiver, com seu Escrivão, e a da força militar, que se requisitar.”

Galés e trabalhos forçados:

“Sujeitará os réus a andarem com calceta no pé, e corrente de ferro, juntos ou separados, e a empregarem-se nos trabalhos públicos da província, onde tiver sido cometido o delito, á disposição do Governo.”

Desterro:

“Quando outra declaração não houver, obrigará os réus a sair do termos dos lugares do delito, da sua principal residência, e da principal residência do ofendido, e a não entrar em algum deles, durante o tempo marcado na sentença.”

Multa:

É aquela que obrigará os condenados ao pagamento de uma quantia pecuniária, que seria fixada pela razão dos bens e emprego do condenado. As multas eram recolhidas aos cofres das câmara municipais e aqueles que não pagassem dentre oito dias seriam presos, de onde não sairiam se não fosse pago as multas. Se o condenado não tivesse meios para pagar as multas seria condenado à prisão com trabalho pelo tempo proporcional para pagar as multas.

O Código também possui três graus para algumas penas: máximo , médio e mínimo (dependendo de caso a caso)

Máximas: Pena de Morte (forca), Perpétua (trabalhos forçados nas galés, ou de outros modos), Expulsão do Território Imperial (ganhando perpétua se voltar sem a revogação da pena), vinte anos ou mais de prisão e com ou sem trabalhos forçados.

Médio: Perpétua (se for um crime grave), prisão comum, desterro (ficar longe da vítima por determinação do Juiz), multa, açoites (para os escravos).

Mínima: Prisão comum (de 2 meses a 4 anos), multa, desterro, dotação a vítima.

Nota: As penas média e/ou mínima, poderiam ser aplicadas hora uma, ou hora outra dependendo do crime cometido pelo delinquente.

Explicação dada pelo amigo monarquista Joaquim I. Alves, no grupo Restauradores.



Uma observação interessantíssima, segundo o amigo Joaquim, Deodoro e toda a corja republicana deveriam sofrer as seguintes penas:

"Art. 68. Tentar diretamente, e por fatos, destruir a independência ou a integridade do Império.

Penas - de prisão com trabalho por cinco a quinze anos.

Se o crime se consumar.

Penas - de prisão perpetua com trabalho no grau máximo; prisão com trabalho por vinte anos no médio; e por dez no mínimo."

"Art. 85. Tentar diretamente, e por fatos, destruir a Constituição Política do Império, ou a forma do Governo estabelecida.

Penas - de prisão com trabalho por cinco a quinze anos.

Se o crime se consumar.

Penas - de prisão perpétua com trabalho no grau máximo; prisão com trabalho por vinte anos no médio; e por dez anos no mínimo."

"Art. 87. Tentar diretamente, e por fatos, destronizar o Imperador; privá-lo em todo, ou em parte da sua autoridade constitucional; ou alterar a ordem legitima da sucessão.

Penas - de prisão com trabalho por cinco a quinze anos.

Se o crime se consumar.

Penas - de prisão perpetua com trabalho no grau máximo; prisão com trabalho por vinte anos no médio; e por dez anos no mínimo."

"Art. 89. Tentar diretamente, e por fatos, contra a Regência, ou Regente, para privá-los em todo, ou em parte da sua autoridade constitucional.

Penas - de prisão com trabalho por quatro a doze anos.

Se o crime se consumar.

Penas - de prisão com trabalho por vinte anos no grau máximo; por doze no médio; e por seis no mínimo."

"Art. 285. Julgar-se-á cometido este crime, reunindo-se três, ou mais pessoas com a intenção de se ajudarem mutuamente para cometerem algum delito, ou para privarem ilegalmente a alguém do gozo, em exercício de algum direito, ou dever.

Art. 286. Praticar em ajuntamento ilícito algum dos atos declarados no artigo antecedente.

Penas - de multa de vinte a duzentos mil réis, além das mais, em que tiver incorrido o réu."

DOM AUGUSTO, O PRÍNCIPE MARINHEIRO


Na Armada Imperial Brasileira, o Príncipe Dom Augusto chegou ao posto de 2º Tenente, servindo a bordo da Corveta Niterói, do Couraçado Riachuelo e do Cruzador Barroso, além de exercer o cargo de ajudante de ordens do Almirante Eduardo Wandenkolk.

Em 15/11/1889, o S.A. encontrava-se no oriente, a bordo do Almirante Barroso (que realizava sua 1ª viagem ao redor do mundo) quando um golpe pôs fim ao Império. Entretanto, a tripulação só soube do ocorrido em dezembro. Telegramas de Wandenkolk, agora Ministro do governo provisório, instruíam o descarte das insígnias imperiais e a demissão de Dom Augusto.

A Família Imperial já encontrava-se no exílio, em Portugal, quando Dom Pedro II recebeu o telegrama do Príncipe, enviado de Colombo, no Ceilão: "Sei de tudo. Peço conselho. Saudades a todos." - dizia a mensagem de S.A.. "Sirva ao Brasil. Saudades. Seu avô Pedro." - foi a resposta do Imperador.

S.A. decide não se demitir, mas solicitar uma licença de 2 meses. Em telegrama, o ministro responde à solicitação: "Príncipe peça demissão serviço, concedo licença." Como despedida, a tripulação ofereceu a S.A. um jantar. Emocionado, o mesmo distribuiu seus pertences entre os companheiros.

Meses depois, uniu-se à Família Imperial e permaneceu com o avô até a morte deste, em 1891. Depois, fixou-se em Viena, na Áustria, onde conseguiu permissão do Imperador Francisco José I para incorporar-se à Marinha Austro-Húngara. Tendo realizado os exames, Dom Augusto foi admitido, conforme explicou em carta ao Barão de Estrela, seu procurador no Brasil:

"Passei, como já sabe, meus exames brilhantemente. Como escrevi ao Antônio, resolvi entrar ao serviço de Áustria, visto o Imperador me receber como Príncipe brasileiro, sem que eu tenha de perder os meus direitos de brasileiro..."

Lá alcançaria a patente de Kapitän zur See, equivalente a capitão-de-mar-e-guerra. Ainda teve oportunidade de visitar outros países, onde continuou a ser recebido com honras reservadas a membros da realeza, como em suas visitas a Portugal, onde foi recebido pelo Rei Dom Carlos I, e Inglaterra, onde foi recebido mais de uma vez pela Rainha Vitória.

Com o agravamento dos problemas psiquiátricos de seu irmão, Dom Pedro Augusto, o Príncipe chegou a ser cogitado pelos monarquistas para assumir o Trono do Brasil durante os planos de restauração.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

Projeto original do Palácio Imperial de Santa Cruz - RJ

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O projeto de autoria do arquiteto inglês John Johnson, contratado no governo do Rei Dom João VI para fazer a ampliação e reforma do Palácio da Quinta da Boa Vista.

Em 1817, como registrou o pintor austríaco Thomas Ender, o Palácio Real de Santa Cruz também passa por reformas e ampliações, mas o projeto do arquiteto inglês não foi levado em consideração.

Nosso seguidor e colaborador, Arquiteto e Urbanista Fabio Marqueoli fez uma representação fiel do Imperial Palácio de Santa Cruz e simulou caso o projeto tivesse levado em consideração. O Jardim do palácio foi inspirado nos jardins de Palácio da Quinta da Boa Vista, Petrópolis, Guanabara e Queluz (Portugal)

Post original: Antigo Santa Cruz
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[Curiosidade] Um dos sinais de trânsito mais antigos do mundo, está escrito em Português:

"Sua Majestade ordena que os Coches, Seges e Liteiras que vierem da Portaria do Salvador recuem para a mesma parte".

Ordem d'El Rei Dom Pedro II.
Está na Rua do Salvador em Lisboa.

Post original: Causa Imperial

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Uma curiosidade, a Língua Portuguesa é o único idioma latino em que os dias da semana não têm as antigas designações pagãs dos deuses romanos, mas antes nomes eclesiásticos. Essa mudança foi patrocinada por um dos mais importantes clérigos Bracarenses da Alta Idade Média, o Arcebispo Martinho de Dume, conversor dos Suevos, braço direito dos monarcas germânicos e Santo da Igreja Católica.

Essa mudança foi tornada oficial no 1º Concílio de Braga, corria o ano de 561 d.C. Convocado pelo rei Suevo Ariamiro, com o apoio do Papa João III, tendo o objectivo de lidar com as correntes heterodoxas do Cristianismo primitivo, declarando anátema sobre todos aqueles que acreditassem em doutrinas de tipo maniqueísta, como os Priscilianistas ou os Arianos.

Mas a decisão mais curiosa saída deste Concílio foi tomada pelo Arcebispo Martinho, considerando indigno de bons cristãos que se continuasse a chamar os dias da semana pelos nomes latinos pagãos (Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies e Solis dies), decidindo então usar a terminologia eclesiástica para os designar (Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta, Sabbatum, Dominica), donde os modernos dias em Língua portuguesa (segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, quinta-feira, sexta-feira, sábado e domingo) surgiram.
Caso único entre as línguas novilatinas, dado ter sido a única a substituir inteiramente a terminologia pagã pela terminologia cristã.

Isto explica o facto de os mais antigos documentos redigidos em Português, fortemente influenciados por este latim eclesiástico, não terem qualquer vestígio da velha designação romana dos dias da semana, prova da forte acção desenvolvida por São Martinho e seus sucessores na substituição dos nomes.
Martinho tentou também substituir os nomes dos planetas, mas aí já não foi tão bem sucedido, pelo que ainda hoje os chamamos pelos seus nomes clássicos pagãos.

Imagem do Concílio de Braga: o Rei Suevo Ariamiro à direita e os Bispos Lucrécio (esquerda), André (centro) e o Arcebispo São Martinho. (Codex Legionensis, século X).

Fontes:

COSTA, Avelino de Jesus - S. Martinho de Dume, (XIV Centenário da sua chegada à Península). Braga, Ed. Cenáculo, 1950.

Ferreiro, Alberto. "Braga and Tours: Some Observations on Gregory's De virtutibus sancti Martini." Journal of Early Christian Studies. 3 (1995), p. 195–210.

SOARES, Luís Ribeiro - A linhagem cultural de S. Martinho de Dume, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1997.

Exemplar de 1832 da Constituição Imperial Brasileira.

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A República a população em geral melhores alternativas de vida. Ao contrário, provocava a pauperização pelo acúmulo de novas obrigações e impostos. Nos anos seguintes ao fim da monarquia, imensa parcela da população pobre viu suas condições de existências decaírem e as populações rurais tendiam a responsabilizar o regime republicano pela situação.

Na Bahia, a crise era ainda mais profunda. As rendas produzidas pelas exportações decaíam sem cessar. As elites baianas tentaram suprir essa queda aumentando tributos sobre a população, criando novas taxas e aumentando as existentes. O desequilíbrio financeiro e a própria inflação implicavam no aumento da cobrança de impostos. Portanto aumentava a pressão sobre os municípios e destes sobre a população, agravando ainda mais as desigualdades e a exploração.

Garantida pela constituição de 1891, a autonomia municipal permitia que as elites locais vergassem a população rural empobrecida com novos tributos. Desde 1893 os municípios ficaram autorizados a criarem e a cobrarem novos impostos. O historiador Marco Villa lembra que, para a sofrida massa rual, a República passou a ser sinônimo de miséria, opressão, imposto, fome e morte.

Nos anos de 1890-1900 a arrecadação estadual foram praticamente 50% superior a do quinquênio 1875-1879. Porém, no período caíra significativamente as receitas provinciais provenientes das taxas sobre as exportações. Uma situação que se explica somente a partir dos pesados reajustes dos impostos municipais e estaduais então praticados ou pelo reajuste dos impostos desvalorizados pela inflação.

Quadro: Constituinte republicana de 1891.
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S.M. a Rainha Elizabeth II da Grã Bretanha e S.A.I. o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, são primos em 5º grau.

Sua ligação familiar mais recente se dá pelo Duque Franz de Saxe-Coburgo-Saalfeld (1750-1806) e sua segunda esposa, a Condessa Augusta Reuss de Ebersdorf (1757-1831).

A relação entre os Orleáns e Bragança com os Windsor sempre foi cordial; em 1968, quando de sua única visita oficial ao Brasil, a Rainha Elizabeth II e seu marido, o Príncipe Philip, Duque de Edimburgo, encontram-se com membros da Casa Imperial Brasileira.
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Quando a Família Imperial foi expulsa do Brasil, em novembro de 1889, em seguida o governo republicano decretou uma lei que bania a Casa Imperial do Brasil.

Mas em 1907, Dom Luis Maria, filho da Princesa Dona Isabel, enfrentou essa lei e viajou rumo ao Brasil. Quando chegou a Baía de Guanabara, uma multidão esperava pelo Príncipe no porto, porém oficiais do governo impediram o Príncipe de pisar no solo de sua Pátria.

Na foto temos um cartão da época, documentando a visita.

INGRATOS (poema de Dom Pedro II sobre o golpe republicano)

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"Não maldigo o rigor da iníqua sorte, 
Por mais atroz que fosse e sem piedade, 
Arrancando-me o trono e a majestade, 
Quando a dois passos só estou da morte. 

Do jogo das paixões minha alma forte 
Conhece bem a estulta variedade, 
Que hoje nos dá contínua felicidade 
E amanhã nem — um bem que nos conforte. 

Mas a dor que excrucia e que maltrata, 
A dor cruel que o ânimo deplora, 
Que fere o coração e pronto mata, 

É ver na mão cuspir a extrema hora 
A mesma boca aduladora e ingrata, 
Que tantos beijos nela pôs — outrora. "

DOM PEDRO II

In Poesias completas de Pedro II: (com um prefacio de Medeiros e Albuquerque) - Originais e traduções. Sonetos do exilio autenticas e apócrifas. Editors Guansbara, Waissman, Reis & cia. Limited, 1932
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"Sob o clima abrasador, em uma cidade onde o termômetro atinge facilmente 40 graus à sombra, (...) os brasileiros se obstinam a viver e a se vestir como se fossem europeus. Eles trabalham nas horas mais quentes do dia, das 9 da manhã às quatro da tarde, como se fossem negociantes londrinos. Eles passeiam nas ruas trajando jaquetões escuros, cartolas de copa alta e se submetem ao martírio com a mais perfeita resignação. (...)" , Max Leclerc, um francês que visitou o Brasil em dezembro de 1889

FONTE: Livro 1889.

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Dona Isabel nutria profundo interesse pelas questões ligadas ao desenvolvimento da educação no Império, especialmente a educação pública, como fica patente em sua Fala do Trono, enquanto Regente, em 1º de fevereiro de 1877:

"A instrução pública continua a merecer do governo a maior solicitude. Foram criadas no município da corte escolas de segundo grau, e as normais, destinadas a preparar professores para o ensino primário de ambos os sexos, terão de ser brevemente inauguradas.

Nas províncias este ramo de serviço apresenta sensível progresso, limitado, porém pela falta de meios de que podem dispor. Se os melhoramentos materiais por elas empreendidas têm recebido vosso auxílio, justificada será qualquer despesa que autorizeis para coadjuvar esse grande elemento de civilização."

Na foto, Dona Isabel e seu marido, o Príncipe Dom Luis Gastão (o Conde d'Eu). S.S.A.A. seriam os Imperadores do Brasil no III Reinado.
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Hoje, apresentamos rapidamente para vocês, um trecho do livro "American Emperor", de Rose Brown. Ainda sem tradução para o português, trata-se de uma pequena biografia sobre o período imperial brasileiro, com ênfase na vida de D. Pedro II. O cenário é a terceira viagem internacional do Magnânimo que, devido ao seu estado de saúde debilitado, por conta de um caso de malária, foi para a Europa, em busca de tratamento.

Enquanto isso, no Brasil, a princesa Isabel, em sua terceira regência, acabava de assinar a Lei Áurea, pondo fim a todo tipo de escravidão no país. Curado da malária, D. Pedro sofreria, logo em seguida, com uma pneumonia, que quase lhe tirou a vida. O trecho a seguir conta como o Imperador, praticamente a caminho da morte, recebeu a notícia do fim da escravidão:

"Neste mesmo dia, uma mensagem de telégrafo chegou de Milão, informando que Dom Pedro estava um pouco melhor, mas logo após teve uma recaída. Os médicos perderam a esperança. O Bispo de Milão promoveu os ritos finais. Não havia mais nada a fazer, exceto esperar pelo fim. O paciente ainda não estava a par de nada do que havia acontecido no Brasil, pois considerou-se que tais notícias poderiam agitá-lo perigosamente.

Porém, como nada mais importava a essa altura, Thereza Cristina sentiu que não havia necessidade de que ele morresse sem saber que as suas mais profundas esperanças tinham se concretizado. Ela foi até o seu quarto com as mensagens -- recebidas há uma semana -- e, gentilmente, lhe contou dos maravilhosos acontecimentos.

"Quer dizer que é verdade que o Brasil não possui mais escravos?", ele perguntou, vagamente.

Sua esposa acenou com a cabeça.

"Envie mensagens para mim, por favor. Uma para Isabel: 'Eu te abraço, Libertadora. Assinado: Pedro, seu pai.' E outra, com minhas bênçãos e congratulações a todos. Que nação! Que povo!"

Daquele momento em diante, o Imperador começou a se recuperar. Ele precisava viver para retornar para casa e ver, com os seus próprios olhos, o seu país livre."
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Durante o período imperial, o Estado adotou uma série de medidas com o objetivo de estabelecer um sistema de Educação válido em todo o país. A Constituição de 1824 já previa a oferta de instrução gratuita a todos os cidadãos e nas primeiras décadas após a independência foram implantadas escolas primárias e secundárias em várias regiões do Brasil.

Além disso, foi criada toda uma legislação com o objetivo de regulamentar o funcionamento da Educação, com destaque para a lei de 15 de outubro de 1827, que englobava tópicos como a expansão de escolas públicas, salários para os professores, método de ensino, currículo, admissão e escolas para meninas. No Município da Corte, uma ampla reforma no ensino primário e secundário foi aprovada por meio do decreto n° 1.331-A, de 17 de fevereiro de 1854.

Dentre outras diretrizes, o decreto criou a Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte. Uma das atribuições da Inspetoria era presidir os exames de capacidade para o magistério. Na imagem, Título de Capacidade emitido pela Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária do Município da Corte, habilitando Maria Adelaide Barata como professora primária.

Rio de Janeiro, 12 de setembro de 1878. Fundo Diversos – SDH – caixas. Caixa 2627, pct. 2, doc.12.

Para consultar o acervo do Arquivo Nacional.
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Dom Pedro II havia encarregado Dona Francisca, Princesa de Joinville, de encontrar na Europa dois jovens príncipes que pudessem servir de consortes às suas filhas. Na Fala do Trono de maio de 1864, o soberano anunciou o casamento das Princesas sem citar nomes de pretendentes.

Porém, os dois candidatos escolhidos pelo Imperador, seu sobrinho, Pedro, Duque de Penthièvre, e Filipe, Conde de Flandres (filho do Rei Leopoldo I da Bélgica) - recusaram a proposta de consórcio, levando o monarca a optar pelos Príncipes Luís Augusto, Duque de Saxe e Luís Gastão de Orléans, Conde d'Eu.

Inicialmente, pensava-se em destinar Luís Augusto à Dona Isabel e Gastão à dona Leopoldina, mas o Imperador do Brasil não quis tomar mais atitudes sem a palavra de suas filhas, assim as deixou livres para que cada uma conhecesse o pretendente antes do casamento. Em 2 de setembro de 1864 os Príncipes desembarcaram no Rio de Janeiro. Nos dias que se seguiram os planejamentos iniciais inverteram-se, conforme registrou Dona Isabel:

"Papai desejava essa viagem, tendo em mira nossos casamentos. Pensava-se no Conde d'Eu para minha irmã e no Duque de Saxe para mim. Deus e os nossos corações decidiram diferentemente, e a 15 de outubro tinha eu a felicidade de desposar o Conde d'Eu."

A união de Dona Leopoldina e Luís Augusto foi acertada através de uma convenção matrimonial celebrada entre o Imperador do Brasil e Ernesto II de Saxe-Coburgo-Gota. O contrato previa, em seus artigos 3º, 4º e 5º que, enquanto Dom Pedro II não considerasse assegurada a sucessão da Princesa Dona Isabel, o casal deveria, entre outras coisas, residir parte do ano no Brasil e ter seus filhos em território brasileiro.

FOTO: De pé, da esquerda, a Princesa Imperial Dona Isabel e o marido, o Príncipe Dom Luís Gastão (o Conde d'Eu), a Princesa Dona Leopoldina e o marido, Luís Augusto, o Duque de Saxe. Sentados, os Imperadores do Brasil.

EXÉRCITO DE CAXIAS OU DE OSORIO?

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A confusão sobre a real dimensão do conflito (a Guerra do Paraguai) e de seus personagens, porém, não se restringe apenas a interesses comerciais ou oportunismo político. O comandante do Exército brasileiro no Paraguai, Osório, também sofreu com a reescrita interessada da história.

“O Exército de Caxias, como se autodenomina hoje a instituição, foi por um bom tempo o Exército de Osório e essa mudança só pode ser entendida se relacionadas as trajetórias política e militar dos dois generais com o contexto histórico em que foram adotados como personagens paradigmáticos”, avisa Doratioto. “Afinal, embora nos dias atuais eles sejam lembrados como militares, também foram políticos e, em certas épocas, se dedicaram mais à política que ao Exército”.

O Partido Conservador, pelo qual Caxias se elegeu senador, defendia o Estado centralizado e a manutenção da ordem social. Osório era do Partido Liberal, que priorizava a descentralização do poder. Caxias era o Exército de elite, formado na Academia, enquanto Osório era o Exército que vinha de baixo e que relevava pequenas transgressões, formalismos e aparências. Daí a razão da jovem república, feita por golpe militar, nota Doratioto, sem ter símbolos, ter que descobrir em Osório o “pré-republicano” (coisa sem sentido, pois ele já havia se declarado monarquista várias vezes).

Observa o autor, que lembra como, ao fim do conflito, “Osório era, à exceção de Pedro II, o brasileiro mais popular, um fato desconfortável para o governo conservador”. Logo, é fácil compreender por que durante 4 décadas a principal comemoração militar brasileira ocorria no aniversário da Batalha de Tuiuti, onde Osório foi o herói do dia. Mais complexo é entender o “rebaixamento” do general a partir dos anos 1920 seguida pela elevação de Caxias, até então uma figura secundária, ao posto de Patrono do Exército.

Mas não havia rivalidade pessoal entre os dois. Esses grandes homens do Império e da história de nossa Pátria eram amigos.

#OsEsquecidos - MARECHAL MANOEL LUÍS OSORIO, O MARQUÊS DE HERVAL: Assista no YouTube, na TV Imperial

UM FATO CURIOSO

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Na Praça XV de Novembro, no RJ, há uma estátua em homenagem a um dos maiores estrategistas do nosso Exército. A obra só foi possível depois de uma campanha de coleta de fundos que durou 14 anos. Coisa que gerou grande expectativa por sua inauguração, que foi um enorme evento público.

Com o antigo Paço Imperial lotado, uma lona cobria o monumento e quando ela cai... A multidão fica surpresa. Seria o chapéu? O jeito de montar? Não, eram os sapatos. Ele não estava com botas de montaria, e sim com um sapato comum. Apenas a espora o identifica como um cavaleiro.

O motivo é que quando o escultor quando mostrou o projeto à filha de Osorio, inicialmente, a estátua estava de botas. Mas ela rejeitou. Disse que o pai não usava botas, pois havia sofrido um ferimento na perna, que infeccionou, fazendo o Marquês usar calçados apenas em recepções oficiais.

Ou seja... Ele lutou toda a Guerra do Paraguai descalço! (segundo o historiador Milton Teixeira).

Conheça a história desse herói da Guerra do Paraguai no YouTube:

#OsEsquecidos - MARECHAL MANOEL LUÍS OSORIO, O MARQUÊS DE HERVAL: na TV Imperial!
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A rotina doméstica e tranquila que nossa última Imperatriz, literalmente, amava, terminou quando uma facção do exército se depôs Dom Pedro II, mandando toda a Família Imperial para o exílio.

Ao ouvir a ordem para partir, um oficial militar disse a imperatriz: "Resignação, minha senhora" e S.M. respondeu: "Sempre a tive, mas como não chorar tendo que deixar esta terra para sempre!"

De acordo com o historiador Roderick J. Barman, os "eventos de 15 de novembro de 1889 causaram-lhe impacto tanto emocional quanto físico". A imperatriz "amava o Brasil e seu povo. Ela não desejava nada mais do que terminar seus dias lá. Com 66 anos de idade e sofrendo de asma cardíaca e artrite, ela agora enfrentava a perspectiva de acompanhar o marido em um incessante deslocamento pela Europa, passando seus últimos anos em aposentos estranhos e desconfortáveis".

O HINO NACIONAL BRASILEIRO

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A música do hino é de Francisco Manuel da Silva e foi inicialmente composta para banda. Em 1831, tornou-se popular com versos que comemoravam a abdicação de Dom Pedro I. Posteriormente, à época da coroação de Dom Pedro II, sua letra foi trocada e a composição, devido a sua popularidade, passou a ser considerada como o hino nacional brasileiro, embora não tenha sido oficializada como tal.

Após a proclamação da República os governantes abriram um concurso para a oficialização de um novo hino, ganho por Leopoldo Miguez. Entretanto, com as manifestações populares contrárias à adoção do novo hino[carece de fontes], o presidente da República, Deodoro da Fonseca, oficializou como Hino Nacional Brasileiro a composição de Francisco Manuel da Silva, estabelecendo que a composição de Leopoldo Miguez seria o Hino da Proclamação da República.

Durante o centenário da Proclamação da Independência, em 1922, finalmente a letra escrita pelo poeta e jornalista Joaquim Osório Duque Estrada tornou-se oficial.

A orquestração do hino é de Antônio de Assis Republicano e sua instrumentação para banda é do tenente Antônio Pinto Júnior. A adaptação vocal foi feita por Alberto Nepomuceno e é proibida a execução de quaisquer outros arranjos vocais ou artístico-instrumentais do hino.

Ouça no YouTube a melodia do atual hino nacional com a letra da Coroação de Dom Pedro II: na TV Imperial.

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E o que S.M. o Imperador do Brasil fez por lá nessa época? Além de conhecer mais o país (segundo alguns comentaristas americanos, S.M. já conhecia os EUA melhor que grande parte do congresso deles), simplesmente ajudou a divulgar uma nova invenção para a época...
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"Família Imperial só vivia de luxos enquanto o povo passava fome".

A monarquia brasileira nunca foi "ostentadora", mas sim simples e direta. Diplomatas e viajantes da época reclamavam que a Família Imperial tinha "poucos direitos" (em questão de luxos e festas) e que pensavam muito em trabalho.

Na foto, a Cama que serviu Dom Pedro II em sua visita ao Santuário do Caraças. Esta lá até hoje e impressiona os visitantes que desconheciam o fato do Imperador ter pernoitado uma noite ali.
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Postal Francês de 1876 mostrava o Largo do Palácio dos Governadores, ao fundo , visto de onde, provavelmente hoje está a Doca do Ver o Peso.

O alagado do Piri já tinha sido aterrado neste trecho da cidade, que nesta época se resumia a Cidade Velha, Campina e o inicial Reduto.

Belém se recuperava da crise provocada pela Cabanagem que dizimou a população masculina que trabalhava na lavoura e destroçou a economia, que a esta época já respirava com o início do Ciclo da Borracha.
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Em meio a crise que ocorreu em seu reinado, Don Maximiliano I do México recorreu ao primo da única monarquia estabilizada das Américas, o Império do Brasil:

"O sonho do arquiduque Maximiliano, subitamente lançado ao posto de imperador do México, incluía D. Pedro II e uma poderosa aliança com o Brasil. Mas nunca chegou nem perto de se realizar. Em apenas três anos, desmoronou e virou tragédia.

(...)Quatro anos antes, Maximiliano havia se encontrado pessoalmente com Pedro II. Numa viagem à América do Sul, fora recebido pelas princesas Isabel e Leopoldina em Petrópolis, e depois rumara até o Espírito Santo para ver o imperador. Amante da botânica e da zoologia, aproveitou a viagem para explorar a natureza tropical. Dizem que levou espécimes de aves, insetos e plantas para a sua coleção particular.

Mas agora a boa vida tinha acabado. À frente do Império mexicano, pressionado por todos os lados, não tardou em escrever para o seu primo brasileiro. As cartas alternavam comentários formais com mensagens de cunho pessoal. Elas revelam as estratégias usadas pelo imperador mexicano para se aproximar do Brasil. Tratando o primo brasileiro por “irmão”, Maximiliano não poupa elogios ao governo que, segundo ele, “desperta a inveja do Novo Mundo”, e evoca possíveis afinidades entre seus impérios:

“Tenho pensado nas similaridades que reinam entre nossos dois países e todo o meu desejo é seguir a via traçada por Vossa Majestade para obter bons resultados”.No afã de criar vínculos econômicos e diplomáticos com o Brasil, Maximiliano condecorou D. Pedro II com o Colar da Águia Mexicana, da Ordem das Grandes Cruzes. Este prêmio só havia sido concedido até então aos soberanos da Áustria e da Rússia. Como retribuição, o imperador brasileiro condecorou a imperatriz Carlota com as insígnias da Ordem Imperial.

A imprensa brasileira, contudo, ignorou solenemente o gesto diplomático: os jornais não registram nenhuma menção ao intercâmbio de medalhas. Um projeto pessoal de Maximiliano também justificava suas investidas. O imperador queria consolidar a hegemonia de dois grandes impérios dos Habsburgo na América, recuperando o prestígio da dinastia. Para isso, pretendia casar seu irmão, o arquiduque Luís Victor, com a filha mais velha de Pedro II, a princesa Isabel, herdeira do trono do Brasil. Mais uma vez os planos de Maximiliano não deram resultado.

O imperador austríaco Francisco José soube do plano e não o considerou um bom negócio. Estava mais interessado no futuro europeu da dinastia, e pressionou Luís Victor a desistir. Mesmo depois das várias tentativas de aproximação, até o começo de 1865 o Brasil ainda não havia reconhecido oficialmente o Império do México. Maximiliano, então, mudou de estratégia: passou a investir no envio de diplomatas ao Brasil. A representação diplomática no Rio de Janeiro passou a ter a mesma importância que tinham as de Viena, Bruxelas, Paris e Roma.

Para defender os interesses mexicanos no Brasil, foi escalado D. Pedro Escandón, advogado e agente comercial, filho de uma das famílias mais ricas do México. Ao chegar, em janeiro de 1865, Escandón logo percebeu o pouco entusiasmo de D. Pedro II e o desprezo cínico que a imprensa devotava ao Império mexicano. Mas os ventos pareciam anunciar tempos melhores. No mês seguinte, Escandón foi recebido pelo imperador do Brasil no Palácio de São Cristóvão, em audiência pública e com todas as pompas.

Seguro de que este reconhecimento de Pedro II serviria de fundamento para uma aliança de interesses entre os impérios americanos, Escandón discursou, entusiasmado, dizendo que era preciso “conservar inalteráveis as preciosas relações que sempre devem existir entre dois povos irmãos, identificados em origem, raça, crenças e governo, falando línguas diferentes, mas compreendendo-se facilmente, porque a cordialidade expressa seus pensamentos e simpatias”. Pedro II se limitou a agradecer a prova de amizade de seu “irmão e primo, o imperador do México”.

Depois da audiência, Escandón ainda tentou consumar um tratado de comércio com o Império do sul, e propôs que se enviasse um representante brasileiro ao México. Tudo o que conseguiu, no entanto, foram respostas evasivas."
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Dom Pedro II desembarcando no Recife, província de Pernambuco, em 1859, cerca de uma década após o fim da Revolução Praieira, maior insurreição ocorrida no Segundo Reinado.
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Alexander Graham Bell - Inventou o telefone (e com ajuda do próprio Pedro II, veja);

Charles Darwin - Naturalista e autor da importante obra de Biologia intitulada “A Origem das Espécies”;

Victor Hugo - Autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras clássicas;

Friedrich Nietzsche - Filósofo e escritor, fezvários textos críticos sobre a religião, a moral, a cultura contemporânea, filosofia e ciências;

Richard Wagner - Maestro, compositor, diretor de teatro e ensaísta alemão, conhecido mundialmente como um dos grandes da música;

Louis Pasteur - Cientista, suas descobertas tiveram enorme importância na história da química e da medicina;

Jean-Martin Charcot - Médico e cientista, alcançou fama no terreno da psiquiatria e neurologia na segunda metade do século XIX

Será que, se estivesse viva, Dona Leopoldina falaria para seu filho (a clássica frase das mães):

"Pedro, Pedro... Olha as amizades, meu filho..."

Um clássico das mães hehehe
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No final de novembro de 1807, quando Dom Pedro, futuro proclamador de nossa independência e Imperador) tinha apenas nove anos de idade, o exército francês do imperador Napoleão Bonaparte invadiu Portugal e toda a família real portuguesa se retirou de Lisboa.

A corte atravessou o oceano Atlântico até chegar em março do ano seguinte à cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, a maior e mais rica colônia de Portugal. Pedro leu Eneida de Virgílio durante a viagem e conversou com vários membros da tripulação de seu navio, aprendendo noções de navegação. No Brasil, após uma breve estada no Paço Real, Pedro e seu irmão Miguel estabeleceram-se junto com seu pai no Paço de São Cristóvão.

Dom Pedro amava o pai, apesar de nunca ter sido íntimo dele, ressentindo a constante humilhação que João sofria nas mãos de Carlota Joaquina por causa dos casos extraconjugais dela. Como resultado, quando adulto Pedro abertamente chamava sua mãe com nomes baixos e sentia por ela nada além de desprezo. As experiências de traição, frieza e negligência que passou quando criança tiveram grande impacto na formação de sua personalidade e caráter quando adulto.

Uma pequena quantidade de estabilidade durante sua infância vinha da presença de sua aia Maria Genoveva do Rêgo e Matos, quem amou como uma mãe, e seu aio e supervisor o frei Antônio de Arrábida, que tornou-se seu mentor. Ambos ficaram encarregados do crescimento do príncipe e tentaram lhe dar uma educação adequada. Seus estudos englobavam uma grande gama de assuntos que incluíam matemática, economia política, lógica, história e geografia. Pedro aprendeu a ler e escrever em português, além de latim e francês. Também conseguia traduzir textos do inglês e entender alemão. Mais tarde como imperador, Pedro dedicaria pelo menos duas horas de seu dia para ler e estudar.
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No Brasil, a primeira Corporação de Bombeiros foi criada por Pedro II em 1856. No início ela não possuía caráter militar, fato classificado como problema pelo seu primeiro comandante, o Major Moraes Antas. Em 1860, os civis já estavam fora do grupo, por solicitação do Diretor Geral Moraes Antas, que define a Disciplina Militar como caráter crucial para o combate a incêndio. Porém, somente em 1880 seus integrantes passaram a ser classificados dentro de uma hierarquia militarizada.

Devido as afinidades culturais e linguísticas com a França, a Corporação passou a adotar como modelo os Sapeurs-Pompiers de Paris; os quais eram classificados como Arma de Engenharia Militar, e organizados para servirem como pontoneiros ou sapadores quando necessário.

Em 17 de dezembro de 1881 é criado o primeiro Estado Maior em um Corpo de Bombeiros, sendo esse o Estado Maior do Corpo de Bombeiros da Corte.

Os Corpos de Bombeiros Militares têm por Patrono o Imperador Dom Pedro II. A figura do Imperador representa uma grande nobreza de espírito e coração; tendo recebido excelente educação e disciplina, ficou conhecido como um Monarca humano, sábio, justo, honesto, pacifista e tolerante.

Dois de julho ainda é a data em que se passou a comemorar o Dia Nacional do Bombeiro e a Semana de Prevenção Contra Incêndios.

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O INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) é o centro nacional de referência na área da surdez no Brasil, sendo um órgão do Ministério da Educação. Localizado na cidade do Rio de Janeiro, no bairro das Laranjeiras, foi a primeira instituição nesta área no Brasil, onde, durante o reinado de Dom Pedro II, o Hernest Huet fundou o Imperial Instituto para Surdos-Mudos, em 1857, e utilizava o Método Combinado.

Na época, o Instituto funcionava como asilo, no qual só eram aceitas pessoas do sexo masculino que vinham de todos os lugares do país, muitas delas abandonadas pelas famílias. Os surdos brasileiros passaram a contar com uma escola especializada para sua educação e tiveram a oportunidade de criar a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), mistura da Língua de Sinais Francesa com os sistemas de comunicação já usados pelos surdos das mais diversas localidades.

Em 1957, o nome de Imperial Instituto foi mudado para Instituto Nacional de Educação para Surdos (INES).

Entre os objetivos institucionais do INES estão a produção, o desenvolvimento e a divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos na área da surdez em todo o Brasil, além de subsidiar a Política Nacional de Educação.
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O Trem do Corcovado é uma linha férrea localizada na cidade do Rio de Janeiro. A linha começa em Cosme Velho e segue até o cume do Corcovado, a uma altitude de 710m. O cume é famoso pela estátua do Cristo Redentor e pela vista aérea de várias praias do Rio de Janeiro.

A linha foi inaugurada pelo imperador Dom Pedro II em 9 de Outubro de 1884. É, portanto, mais antigo que o monumento do Cristo Redentor, que foi aberto a visitação em 1931. De fato, as peças para a montagem da estátua do Cristo foram transportadas pelo próprio trem ao longo de quatro anos.

Inicialmente utilizava tração a vapor, e um sistema de tração elétrico foi instalado em 1910. Em 1980 a linha foi modernizada com a compra de trens da empresa SLM, sediada na cidade de Winterthur, Suíça.

Ao longo de seus anos, o Trem do Corcovado já recebeu vários passageiros ilustres, como o Imperador Dom Pedro II, Princesa Dona Isabel, Cardeal Pacelli (futuro Papa Pio XII), Papa João Paulo II, Alberto Santos Dumont, Epitácio Pessoa, Getúlio Vargas, Albert Einstein e a Princesa Diana de Gales.
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Mitsuyo Maeda (前田光世, Maeda Mitsuyo?) (Hirosaki, 18 de novembro de 1878 — Belém do Pará, 28 de novembro de 1941) foi um judoca japonês, naturalizado brasileiro como Otávio Maeda. Ele também era conhecido como "Conde Koma", alcunha que ganhou na Espanha em 1908.

Junto com Antônio Soishiro Satake, outro japonês naturalizado brasileiro, foi pioneiro do judô em países como Brasil e Reino Unido. Maeda foi fundamental para o desenvolvimento do jiu-jitsu brasileiro, pelo que ensinou à família Gracie. Ele era também um promotor da emigração japonesa ao Brasil.

Maeda ganhou mais de 2.000 lutas profissionais em sua carreira. Suas realizações levaram-no a ser chamado de "O homem mais forte que já viveu", e é referido como o pai do jiu-jitsu brasileiro.
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Em 1840, Dom Pedro II adquire um aparelho daguerreótipo, e introduz essa técnica de reprodução no país. Grande entusiasta e incentivador de novas técnicas fotográficas, produz diversos daguerreótipos e fotografias.

Desse prazer resulta a formação de um relevante acervo, que reúne imagens de vários pioneiros da fotografia, como Marc Ferrez, Insley Pacheco e Revert Henrique Klumb.

S.M. envolve-se na condução e realização dos projetos da Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), parte de um projeto político de fortalecimento da monarquia e de unificação nacional.

Durante o Segundo Reinado (1841-1889), S.M. implementa uma política clara e efetiva em relação à Aiba. Como patrono e maior financiador, fornece auxílio público e privado, distribui bolsas, prêmios, medalhas e insígnias da Ordem da Rosa aos artistas mais destacados.

Controla diretamente parte das verbas da dotação da Casa Imperial destinadas a pensões e premia seus artistas prediletos com esses recursos, conhecidos como "o bolsinho do Imperador"
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Estátua do Imperador Dom Pedro II do Brasil em Petrópolis - RJ.

Localizada na Praça Dom Pedro II, o monumento foi inaugurado no dia 05 de fevereiro de 1911, com o discurso do Conde Affonso Celso - Presidente da Comissão Executiva do Monumento, fazendo a entrega da estátua ao município de Petrópolis
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Dom Pedro II era abolicionista. Segundo José Murilo de Carvalho, S.M. começou a tomar posição sobre o tema em 1845, quando do Bill Aberdeen, e apoiou a proibição do tráfico em 1850 e a adoção de medidas drásticas contra o último desembarque em 1855. Nessa oportunidade S.M. destituiu o presidente da província, "mandou invadir engenhos e processar seus donos, e afastou três desembargadores da Relação de Pernambuco que tinham votado pela absolvição dos acusados".

Ademais, o Imperador não concedia títulos a traficantes.

Como destaca o professor da UFRJ, as iniciativas mais contundentes foram tomadas justamente perto do fim da Guerra de Secessão nos EUA. Em 1864, preocupado com o que se passava em terras americanas, S.M. propôs ao conselheiro Zacaria de Góes o início do processo de abolição com a apresentação de projeto de lei que libertasse o ventre.

Dois anos depois, S.M. recebeu de Pimenta Bueno 5 propostas de lei que foram a base da Lei do Ventre Livre, bem como uma carta do Comitê para a Abolição da Escravidão, formado por membros da intelectualidade francesa, apelando pelo fim da escravidão. Em resposta, o Imperador assumiu o compromisso de tratar do problema tão logo a guerra com o Paraguai acabasse.

A notícia do compromisso do Imperador, nas palavras de Joaquim Nabuco, caiu como um raio em céu sem nuvens e provocaram a reação da maioria escravista. Para Carvalho, a reação mais elaborada e mais explicita em defesa da escravidão veio de José de Alencar que, entre outras coisas, acusou o Imperador de querer agradar os europeus às custas da economia nacional.
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Para S.M. os insultos ao Imperador não deveriam ser levados para o lado pessoal, mas sim de modo politico, como desabafo partidário.

Para Dom Pedro, a imprensa era uma das maiores fontes de informação e deveria ser livre. Para saber o que acontecia no Brasil, S.M. lia não só os jornais da corte como também, a partir de 1854, recebia um resumo do que saía nos jornais provinciais. Assim, nas reuniões com seus ministros, sempre estava a par dos fatos, para desconcerto de alguns, não tão informados.

Em parte por isso, em seu reinado o Brasil viveu um dos períodos de maior liberdade de imprensa. D. Pedro II não perseguia nem as publicações nem os jornalistas que se opunham ao regime.

Por um lado, esse comportamento lhe valeu acusações de "excesso de tolerância" (por isso o "Pedro Banana". Silva Jardim, por exemplo, propôs em seus artigos o fuzilamento do conde d'Eu, Príncipe da Casa Imperial e marido da herdeira Dona Isabel. E essa liberdade acontecia no Brasil, um país da América Latina, continente que a palavra censura é, infelizmente, uma coisa normal.
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Uma vez, os Imperadores do Brasil, Dom Pedro II e Dona Tereza Cristina, estavam no Theatro Imperial para acompanhar uma apresentação.

Nessa ocasião, antes de começar o espetáculo, nosso Imperador já estava usando o binóculo... A imperatriz achou estranho e tentou seguir seu olhar para ver o que Dom Pedro II observava.

Quando Dona Tereza Cristina chegou ao ponto, viu que na platéia havia uma senhora com olhares, risos e tchauzinhos para seu marido...

A Imperatriz decide por tomar uma atitude, e então, do nada, o Theatro se cala pois se ouve um grito: "AAAAAI".

Quando todos olharam o que acontecera, viram o Imperador esfregando o braço e, a seu lado, Dona Tereza estava a observar o teto do Theatro Imperial com um olhar angelical.

Por que Dom Pedro conçava seu braço? Dona Tereza o beliscou.

Trecho da palestra de Rogério Tjader, no Encontro Monárquico de 2015.
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Segundo John Luccock, um observador do período:

"o Príncipe Regente (Dom João) tem sido várias vezes acusado de apatia; a mim, pareceu-me ele possuir maior sensibilidade e energia de caráter do que em geral tanto amigos como adversários costumam atribuir-lhe. Achava-se colocado dentro de circunstâncias novas e próprias para pô-lo à prova, curvando-se ante elas com paciência; se incitado, agia com vigor e presteza".

Oliveira Lima, com seu clássico "Dom João VI no Brasil", foi um dos responsáveis pelo inicio de sua reabilitação. Pesquisou documentos de época sem encontrar descrições desfavoráveis ao Rei, nem de embaixadores e outros diplomatas, ao contrário, encontrando muitos relatos positivos, como os deixados pelo cônsul britânico Henderson e o ministro norte-americano Sumter, que:

"preferiam muito dirigir-se diretamente ao monarca, sempre disposto a fazer justiça, a entender-se com seus ministros.... reputando-o em tal assunto muito mais adiantado do que os seus cortesãos".

Documentos diplomáticos também comprovam a largueza de sua visão política, almejando para o Brasil uma importância comparável à dos EUA, adotando um discurso semelhante ao do Destino Manifesto norte-americano. Fazia valer sua autoridade sem violência, mas de maneira persuasiva e afável; sua condução dos assuntos internacionais, embora não tenha tido sucesso em repetidas ocasiões e tenha cedido a alguma ambição imperialista, em muitas outras se revelou clarividente e harmonizadora.
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Uma história de amor, de traição e infidelidade. Um “007” do Grão Pará. Um “Don Juan” saído de Belém, para, em terras estrangeiras protagonizar um dos maiores casos de biopirataria do século XVIII, que, entre outras consequências tornou o Brasil uma potência agrícola da época.

Francisco de Melo Palheta, teria nascido em Vigia (ou em Belém), filho de português, o militar Palheta virou diplomata e foi representar o Brasil em 1727, na vizinha, caiena, na Guiana Francesa, para resolver disputas de fronteiras.

Mas essa era apenas a face oficial da missão. Palheta era na verdade uma espécie de agente secreto, a serviço do Império Português. A missão: procurar grãos de café, tesouro de origem etíope que nas Américas do início do século XVIII poucos possuíam.

Galã e sedutor, Palheta não poupou esforços para conquistar sua missão. Seduziu ninguém menos que a esposa do governador francês Claude d'Orvilliers, de quem conseguiu receber, de maneira clandestina, um punhado de sementes de café e mais cinco mudas. A exportação era proibida pela França.

Na despedida , a tal cortesã do militar brasileiro, ofereceu um ramo de flores, sem deixar que o marido e toda a França percebesse, que dentro estavam as sementes contrabandeadas, que logo chegaria a Belém pelo Ver-o-Peso, e que um século mais tarde mudaria completamente a face do sudeste brasileiro, fazendo do café, o principal produto de exportação.
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A história do prédio está ligada à população indígena desde 1865, quando Luis Augusto Maria Eudes, duque de Saxe e genro de Dom Pedro II, doou o espaço à União para a construção de um centro de investigação da cultura indígena.

Em 1910, o Marechal Rondon criou, no prédio, o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), atual Funai. Depois de anos de pesquisas etnológicas e linguísticas, e de registros de aspectos das culturas indígenas, em 19 de abril de 1953 foi inaugurado no local o Museu do Índio.

Em 1977, ele foi transferido para o bairro de Botafogo, sob a alegação de que o prédio teria de ser demolido para construção de uma estação do metrô. O local guardava um acervo de 16 mil livros sobre a cultura indígena e era visitado por cerca de 3 mil pessoas diariamente. A estação do metrô não saiu do papel.

Em 1982, o Ministério da Agricultura cedeu o espaço à Cobal, que passou a organizar uma feira semanal no local. Como o prédio já estava em más condições de conservação, o evento ocorria no quintal. Mas, logo depois, a feira foi suspensa por falta de movimento. Em 1987, o Ministério da Agricultura anunciou um plano para transferir para o imóvel os seus funcionários que trabalhavam no Centro.

A prefeitura também chegou a estudar um projeto para recuperar o imóvel, que acabou não vingando. Desde 2006, quando o local foi ocupado por índios, discute-se a demolição.

ACLAMAÇÃO DE AMADOR BUENO, O REI DE SÃO PAULO

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Ocorrida em 1641, na vila de São Paulo, é tida como a primeira manifestação de caráter nativista do Brasil colônia.

Durante a União Ibérica, os moradores da Capitania de São Vicente, principalmente da vila de São Paulo, puderam ampliar para dentro da América Espanhola o território de livre atuação das entradas de apresamento, que inclusive atacavam missões jesuíticas. Nesse período também floresceu o comércio e o contrabando com a região do rio da Prata.

Em dezembro de 1640, com a Aclamação do Duque de Bragança, o Rei Dom João IV, que marcou a Restauração da Independência portuguesa, os paulistas temiam que Portugal destruísse essa fonte de riqueza, impedindo o contrabando e proibindo o aprisionamento e a venda do índio, pois o governo Português obtinha altos lucros com o tráfico negreiro.

Ao proibir a escravidão indígena, a metrópole estaria forçando os colonos a utilizar mão-de-obra negra. O movimento reduziu-se a uma manifestação dos comerciantes paulistas preocupados com a possibilidade de que seus negócios com Buenos Aires fossem prejudicados.

Como forma de protesto, os paulistas resolveram criar em São Paulo um Reino independente e aclamaram como Rei o fazendeiro Amador Bueno da Ribeira - o mais rico habitante do lugar, capitão-mor e ouvidor, irmão de bandeirantes.

Amador Bueno prontamente recusou a aclamação dando vivas ao Rei D. João IV de Portugal.
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Dom Pedro I percebeu depois da morte da Imperatriz Dona Leopoldina como a havia tratado miseravelmente, com sua relação com Domitila começando a ruir. Diferentemente da amante, Maria Leopoldina era popular, honesta e amava o marido sem esperar nada em troca.

O Imperador passou a sentir muitas saudades dela, nem mesmo sua obsessão por Domitila conseguindo fazê-lo superar seu sentimento de perda e arrependimento. Um dia a amante o encontrou chorando no chão abraçado a um retrato da esposa, cujo "fantasma infeliz" Pedro afirmou ter visto. Posteriormente o imperador deixou a cama que estava com Domitila e gritou: "Larga-me! Sei que levo vida indigna de um soberano. O pensamento da Imperatriz não me deixa".

Ele não esqueceu de seus filhos, que ficaram órfãos de mãe, sendo observado em mais de uma ocasião segurando seu filho Pedro (futuro Dom Pedro II) em seus braços e dizendo: "Pobre menino, és o príncipe mais infeliz do mundo".

Domitila acabou deixando o Rio de Janeiro em 27 de junho de 1828 após insistências do imperador.
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Dom Pedro I havia decidido casar-se novamente e tornar-se uma pessoa melhor. Ele tentou convencer seu sogro Francisco I da Áustria de sua sinceridade, afirmando em uma carta "que toda minha perversidade acabou, que não hei de novamente cair nos erros em que já caí, que arrependo-me e pedi a Deus por perdão".

Francisco não se convenceu, tendo ficado profundamente ofendido pela conduta que sua filha tinha passado, retirando seu apoio às preocupações brasileiras e frustrando os interesses portugueses de Pedro. Princesas de várias nações recusaram propostas de casamento uma depois da outra devido a má reputação do imperador pela Europa.

Em 2 de agosto, Pedro havia se casado por procuração com a princesa Amélia de Leuchtenberg, filha Eugênio de Beauharnais, Duque de Leuchtenberg, e da princesa Augusta da Baviera. O imperador ficou impressionado por sua beleza ao conhecê-la pessoalmente. Os votos realizados por procuração foram ratificados em 17 de outubro em uma Missa nupcial.

Amélia era bondosa e amorosa com os filhos dele e providenciou um necessitado sentimento de normalidade tanto para a família imperial quanto para o público em geral. A promessa de Pedro feita após o banimento de Domitila para alterar seu comportamento acabou mostrando-se sincera. Ele nunca mais teve quaisquer casos e manteve-se fiel à nova esposa. Pedro também fez as pazes com José Bonifácio, seu antigo ministro e mentor, em uma tentativa de mitigar e superar seus desentendimentos do passado.

A morte de Solano López, no Rio Aquidabã

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O final da perseguição a Solano López se deu no seu último acampamento, em Cerro Corá, onde foi cercado pelas tropas imperiais comandadas pelo general Câmara, onde mesmo cercado, Solano López ainda e contra todo o bom senso esboçou uma reação contra a numerosa tropa que o cercava, na esperança de tentar fugir mais uma vez, mas não houve espaço para escapar, como já havia feito outras vezes.

Registra a História que a tarefa de identificar Solano López pelos seus perseguidores foi facilitada em razão dele ser o único indivíduo notadamente gordo, enquanto os outros militares eram bem magros, devido à falta de alimentos.

Não conseguindo fugir, López foi intimado a se render, mas não aceitou a rendição, apostando na resistência e, ficando separado dos que lhe defendiam, foi ferido pelo cabo "Chico Diabo" e intimado a render-se novamente, neste momento já estava caído dentro de um afluente do rio Aquidabã, momento em que foi intimado a render-se novamente; como não aceitou a rendição, o general Câmara mandou desarmá-lo, ao que ele impôs fraca resistência, acabando por levar um tiro do soldado gaúcho João Soares, morrendo em razão dos ferimentos sofridos.
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Filha de José Ferreira de Jesus e Luísa Maria das Virgens, Anna Justina Ferreira nasceu em Cachoeira, na Bahia, em 13 de dezembro de 1814.

Casou-se com o Capitão-de-fragata Isidoro Antônio Nery em 1837, quando adotou o sobrenome do marido, que viria a consagrá-la como Anna Nery. Com o cônjuge teve três filhos: Justiniano Nery, Antônio Pedro Nery e Isidoro Antônio Nery Filho. O marido morreu em 1843.

Dois filhos de Anna Nery eram oficiais do Exército, e ao irromper a Guerra do Paraguai em dezembro de 1864, seguiram ambos para a luta, acompanhados do tio, o Major Maurício Ferreira, irmão de Anna. Anna requereu, então, ao presidente da província da Bahia, Manuel Pinho de Sousa Dantas, que lhe permitisse acompanhar os filhos e o irmão, ou prestar serviços nos hospitais do Rio Grande do Sul. Deferido o pedido, Anna partiu de Salvador, incorporada ao décimo batalhão de voluntários em agosto de 1865,como enfermeira.

Durante toda a campanha, prestou serviços ininterruptos nos hospitais militares de Salto, Corrientes, Humaitá e Assunção, bem como nos hospitais da frente de operações.
Viu morrer na luta um de seus filhos.

Terminada a guerra, regressou à sua cidade natal, onde lhe foram prestadas grandes homenagens. O governo imperial concedeu-lhe a Medalha Geral de Campanha e a Medalha Humanitária de primeira classe.

Anna morreu na cidade do Rio de Janeiro aos 65 anos, em 20 de maio de 1880.
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Entre outros costumes europeus, Dom João VI trouxe para o Brasil o antigo cerimonial português do beija-mão, pelo qual tinha grande apreço e que entrou para o folclore, exercendo grande fascínio sobre o povo.

Recebia seus súditos todos os dias, excetuando domingos e feriados, que em longas filas, onde se misturavam nobres e plebeus, esperavam para mostrar seu respeito pelo monarca e pedir-lhe mercês.

Disse o pintor Henry L’Evêque que "o Príncipe, acompanhado por um Secretário de Estado, um Camareiro e alguns oficiais de sua Casa, recebe todos os requerimentos que lhe são apresentados. Escuta com atenção todas as queixas, todos os pedidos dos requerentes, consola uns, anima outros... A vulgaridade das maneiras, a familiaridade da linguagem, a insistência de alguns, a prolixidade de outros, nada o enfada. Parece esquecer-se de que é senhor deles para se lembrar apenas de que é o seu pai".

Oliveira Lima registrou que ele "nunca confundia as fisionomias nem as súplicas, e maravilhava os requerentes com o conhecimento que denotava das suas vidas, das suas famílias, até de pequenos incidentes ocorridos em tempos passados e que eles mal podiam acreditar terem subido à ciência d'el-rei".

Manifesto com que, ainda em território nacional, se despediu dos brasileiros o Conde d'Eu

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"Aos Brasileiros – A todos os amigos que nesta terra me favoreceram com a sua sincera e para mim tão prezada afeição, aos companheiros que, há longos anos já, partilharam comigo as amarguras em prol da honra e segurança da Pátria Brasileira, a todos os que na vida militar ou na civil até há pouco se dignaram comigo colaborar, a todos aqueles a quem, em quase todas as províncias do Brasil, devo finezas sem número e generosa hospitalidade, e a todos os Brasileiros em geral um saudosíssimo adeus e a mais cordial gratidão.

Não guardo rancor a ninguém e não me acusa a consciência de ter cientemente a alguém feito mal. Sempre procurei servir lealmente o Brasil na medida de minhas forças. Desculpo as acusações menos justas e juízos infundados de que por vezes fui alvo. A todos ofereço a minha boa vontade em qualquer ponto a que o destino me leve.

Com a mais profunda saudade e intenso pesar afasto-me deste país, no qual vivi, no lar doméstico ou nos trabalhos públicos, tantos dias felizes e momentos de imorredoura lembrança.

Nestes sentimentos acompanham-me minha mui amada esposa e nossos ternos filhinhos, que debulhados em lágrimas conosco empreendem hoje a viagem do exílio. Praza a Deus que, mesmo de longe, ainda me seja dado ser em alguma coisa útil aos Brasileiros e ao Brasil".

Bordo da canhoneira "Parnahyba", no ancoradouro da Ilha Grande,

17 de novembro de 1889.
Gastão d'Orleans."
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A nossa 3ª Imperatriz, Dona Tereza Cristina, não faltavam interesses intelectuais e S.M. desenvolveu uma paixão pelas artes e particularmente arqueologia.

Dona Teresa Cristina começou a reunir uma coleção de artefatos arqueológicos dos primórdios do Brasil, trocando outras centenas com seu irmão, o Rei Don Fernando II das Duas Sicílias.

Também patrocinou estudos arqueológicos e escavações em sua terra natal e muitos dos artefatos encontrados, datados dos períodos dos etruscos e da Roma Antiga, foram trazidos para o Brasil.

No seu tempo livre dedicou-se principalmente a arte dos mosaicos, que pessoalmente usou na decoração de fontes, bancos e muros do Jardim das Princesas no Palácio de São Cristóvão.

A Imperatriz também ajudou a recrutar médicos, professores, engenheiros, farmacêuticos, enfermeiras, artistas, artesãos e trabalhadores italianos qualificados com o objetivo de melhorar a educação e saúde pública dos brasileiros.
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A Imperatriz Dona Teresa Cristina era a parte vital da Família Imperial e da corte de Dom Pedro II. Entretanto, S.M. nunca preencheu os papéis de amante romântica ou parceira intelectual do Magnânimo.

A visão há muito difundida é que a imperatriz aceitou o papel de esposa do Imperador. Entretanto, suas correspondências particulares mostram que ela podia ter um temperamento difícil, algumas vezes entrando em conflito com Dom Pedro, e tinha uma vida própria, embora restrita.

Dona Teresa Cristina afirmou em uma carta datada de 2 de maio de 1845: "Não vejo a hora de te abraçar novamente, bom Pedro, e pedir-te perdão por tudo o que te fiz nestes dias". Em outra carta de 24 de janeiro de 1851, ela reconheceu seu temperamento difícil: "Não estou irritada contigo [Pedro] e deves perdoar este meu caráter".

Sua filha, Dona Leopoldina, a descreveu certa vez em uma carta como "dominadora", dizendo que a mãe "gosta que tudo vai como ela só quer, apesar que Deus no Evangelho diz que a mulher deve submissão ao marido".

Suas amizades resumiam-se a suas damas-de-companhia, particularmente D. Josefina da Fonseca Costa. Seus criados gostavam dela, era uma boa juíza de caráter dos visitantes e cortesãos, além de uma mãe e avó despretensiosa, generosa, bondosa e afetuosa.

Ela se vestia e agia com moderação, apenas usando joias em ocasiões de Estado e passando a impressão de ser de alguma forma uma pessoa triste. Teresa Cristina não tinha interesse em política e ocupava seu tempo escrevendo cartas, lendo, fazendo bordado e comparecendo a obrigações religiosas e projetos de caridade.
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O Príncipe Dom Augusto (sentado à esq), neto de Dom Pedro II, foi oficial da Armada Imperial brasileira, onde serviu como ajudante de ordens do Almirante Wandenkolk (ao centro).

Na Armada, Dom Augusto chegou ao posto de segundo tenente (equivalente, hoje, a primeiro-tenente), servindo a bordo da Corveta Niterói, do Couraçado Riachuelo e do Cruzador Almirante Barroso.

Quando do golpe republicano, em 15 de novembro de 1889, o Príncipe encontrava-se no oriente, a bordo do Almirante Barroso (que realizava sua primeira viagem de circunavegação). As dificuldades de comunicação impediram que a tripulação tomasse conhecimento do ocorrido antes de dezembro.

Telegramas do almirante Wandenkolk (agora Ministro da Marinha do governo provisório) instruíam o comandante do cruzador a substituir as insígnias imperiais das bandeiras e a induzir Dom Augusto a pedir demissão.

Após consultar seu avô e seu tio, o Conde d'Eu, o Príncipe decide não se demitir, mas solicitar uma licença de dois meses. Em telegrama, o ministro responde à solicitação:

"Príncipe peça demissão serviço, concedo licença. Wandenkolk."

Dom Augusto desembarcou em Colombo, no Ceilão, onde a tripulação lhe ofereceu um jantar de despedida. Emocionado, o príncipe distribuiu seus pertences entre os companheiros.
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Meteorito de Bendegó em fotografia de H. Antunes, tirada em 1887 mostrando o meteorito ainda na margem do riacho Bendegó, com o vice-almirante José Carlos de Carvalho e dos engenheiros Humberto Saraiva Antunes e Vicente José de Carvalho. Ao fundo, tremula a Bandeira do Império do Brasil.

Foi encontrado em 1784 pelo menino Bernardino da Mota Botelho, próximo ao riacho do Bendegó, então município de Monte Santo. Pesando 5 260 quilos, é o maior meteorito já achado em solo brasileiro. Desde 1888, ele está em exposição no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.

No momento do seu achado, tratava-se do 2º maior meteorito do mundo. Atualmente ocupa o 16º lugar, em tamanho. A julgar pela camada de 435 cm de oxidação sobre a qual ele repousava, e a parte perdida de sua porção inferior, calcula-se que estava no local há milhares de anos.

Em 1886 Dom Pedro II tomou conhecimento da existência do meteorito ao visitar a Academia de Ciências em Paris, e decidiu providenciar sua remoção da caatinga. Criou-se uma comissão de engenheiros sob liderança de José Carlos de Carvalho.

Em 1888, por ocasião do prolongamento da Estrada de Ferro de São Francisco, esta comissão iniciou a segunda tentativa. O transporte da pedra da caatinga para a capital acabou se tornando uma das mais complexas empreitadas do transporte durante o Império.

Chegou ao RJ em 15 de junho de 1888, sendo recebido pela Princesa Dona Isabel, e entregue ao Arsenal de Marinha da Corte.

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