terça-feira, 8 de agosto de 2017

O AGUARDADO REENCONTRO

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Quando de sua primeira visita à Europa, em 1871, ao aportar em Portugal, seu ponto de partida no Velho Continente, a primeira pessoa que o Imperador Dom Pedro II foi visitar foi sua madrasta, a Imperatriz Dona Amélia, no Palácio das Janelas Verdes, sua residência em Lisboa.

Ao se casar com o Imperador Dom Pedro I, no ano de 1829, a jovem Princesa Amélia de Leuchtenberg assumiu a dupla função de auxiliar seu marido no serviço da Pátria e de servir como mãe extremosa para seus enteados, filhos da falecida Imperatriz Dona Leopoldina. No curto período em que viveu no Brasil, ela cumpriu tais funções de forma impecável.

Infelizmente, quando o Imperador abdicou, em 1831, a jovem Imperatriz se viu obrigada a acompanhar seu marido de volta à Europa, aqui deixando os enteados que tanto amava, e que a chamavam de mamãe. Foi especialmente difícil sua separação do caçula, que se tornava, com a abdicação paterna, o Imperador Dom Pedro II, com apenas cinco anos de idade. Antes de partir, a Imperatriz Dona Amélia deixou uma carta a todas as mães brasileiras, pedindo-lhes que, em sua ausência, elas cuidassem do Órfão da Nação.

Pode-se imaginar, portanto, o quão emotivo foi o reencontro entre mãe – sim, mãe – e filho, após quarenta anos de separação. O Imperador e a Imperatriz idosa trocaram um demorado abraço, ambos chorando bastante. Naturalmente, haviam trocado extensa correspondência ao longo das décadas, mas pode-se imaginar o quanto havia para ser dito agora, olho no olho. Que emoção os dois corações devem ter sentido!

Reencontrar-se com o amado filho do coração deve ter sido uma das últimas alegrias que a Imperatriz Dona Amélia teve em vida, senão a última. Ela vivia isolada no Palácio das Janelas Verdes, amargurada, doente e imersa na profunda tristeza decorrente dos golpes de perder tantos entes queridos.

Primeiro, seu marido, o Imperador Dom Pedro I, que exauriu todas as suas forças para libertar Portugal do absolutismo, deixando-a viúva aos vinte e dois anos de idade; depois, seu irmão, Augusto de Beauharnais, Príncipe Consorte de Portugal e Duque de Leuchtenberg e de Santa Cruz, morto apenas dois meses após se casar com a Rainha Dona Maria II de Portugal, enteada de sua irmã; e, por fim e mais terrível, sua única filha biológica, a Princesa Dona Maria Amélia, vitimada de tuberculose quando tinha apenas vinte e um anos de idade, logo após ficar noiva do futuro Imperador do México.

Foto: a Imperatriz Dona Amélia em seus últimos anos de vida.

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