quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O MAGNÂNIMO PROTETOR

Image may contain: one or more people

Durante o período Imperial, o povo brasileiro gozou de seu maior período de liberdade de expressão, o único período da história pátria em que a imprensa exerceu a sua missão sem entraves preparados para lhe cercear ou suprimir legalmente a liberdade. Em razão disto publicava-se no Rio de Janeiro uma folha diária intitulada “A República”, no decênio de 1870, sob a direção política do advogado e jornalista Salvador de Menezes Drummond Furtado de Medonça, ardoroso propagandista contrário à Monarquia.

Falecendo sua esposa Amélia Clemência Lúcia de Lemos em 1875, por ocasião de dificuldades materiais daquela empresa jornalística, nenhum dos seus amigos e companheiros de redação podia auxiliá-lo com a quantia necessária para as despesas do enterro. Tomando conhecimento, o Imperador Dom Pedro II ordenou ao seu mordomo que, com o maior sigilo, fizesse imediatamente chegar às mãos de Salvador de Mendonça a quantia de dois contos de réis, para as cerimônias fúnebres.

Por mais persistentes que fossem as indagações do interessado, jamais lhe passou pela cabeça o nome do seu real benfeitor. Tanto assim que ele continuou a atacar o Império e o seu Imperador. Algum tempo depois, quando já ninguém mais se lembrava disso, o beneficiado soube da verdade. Correu à Quinta de São Cristóvão, para agradecer a generosidade do Imperador. Vendo a inutilidade de negar a autoria do benefício, Dom Pedro II manifestou a sua simpatia, dizendo ao jornalista que poderia contar com o seu auxílio sempre que se visse em dificuldades de ordem material.

O jornalista, apesar de jamais ter deixado seus ideais republicanos, declarou então que fizera o propósito de nunca mais escrever uma linha sobre assuntos políticos, desde o momento em que tomara conhecimento do nome do seu magnânimo protetor.

Baseado em texto do livro “Revivendo o Brasil-Império”

Nenhum comentário:

Postar um comentário