quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O IMPERADOR E OS JUDEUS

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Com o pôr do Sol de ontem iniciou-se o Ano Novo Judaico, o Rosh Hashaná, sendo hoje o primeiro dia do ano 5775 do Calendário Judaico, por isso mostramos estes pequenos fatos históricos que marcaram o interesse e boa relação do Imperador Dom Pedro II com os Judeus.

É de amplo conhecimento que Dom Pedro II era um estudioso de culturas e línguas, poliglota, dizia que sua língua preferida era o hebraico e nutria grande interesse pela cultura judaica, porém este interesse e admiração teve início em 1860 quando certo dia apareceu no Palácio o ministro da Fazenda, solicitando audiência para aprovação de uma nova lei de emissão de papel moeda. O Imperador sugeriu que tratassem do assunto no parque, onde o ministro expôs a sua argumentação. De repente D. Pedro descobriu um livro em cima de um banco, e começou a folheá-lo. Interessou-o de tal modo, que esqueceu tudo o que se passava à sua volta. O ministro, percebendo que o Imperador não mais lhe dava atenção, comentou:

— “Majestade, a emissão de mais dinheiro é de suma importância!”

— “Senhor Ministro, falais de dinheiro? Pois eu deparei com um grande tesouro. Já há muito sonhava com ele, e agora estou satisfeito.”

O livro continha textos em hebraico. Investigações posteriores revelaram que pertencia a um judeu sueco, Akerblom, que lá o havia esquecido. Posto em contato com o Imperador, desenrolou-se entre ambos uma prolongada conversação, ao fim da qual o judeu concordou em tornar-se seu primeiro professor de hebraico. Akerblom foi sucedido como professor pelos judeus Koch, Henning e Seybold.

O interesse do Imperador pelo hebraico e pela cultura era tão grande que realizou grandes progressos, em sua viagem aos E.U.A. frequentou uma Sinagoga durante o Shabat, tendo lido a Torá com desenvoltura e traduzido o texto do livro de Moisés. No exílio traduziu Camões para o hebraico, passou partes do Velho Testamento do hebraico para o latim, dentre elas o Cânticos dos Cânticos, Isaías, Lamentações e Jó e em 1891, publicou um livro com poesias judaicas.

Dom Pedro II colecionou amigos judeus entre eles o Grão-Rabino Benjamin Mossé de Avignon, que publicou uma obra sobre o Imperador e declarou:
“Seu amor à literatura hebraica proporcionou-me a extraordinária satisfação de uma longa palestra com Sua Majestade. Tive a felicidade de conversar durante duas horas com o mais amável e instruído dos monarcas e, ao nos despedirmos, não pude deixar de lhe dirigir estas palavras, que ele acolheu com benevolência: ‘Majestade, sois mais que um Imperador, sois um filósofo e um sábio!’”

Baseado em texto do livro “Revivendo o Brasil-Império”
Imagem: O Imperador Dom Pedro II, foto por Lucien Walery, 1887.

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