segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A FARDA DO HERÓI

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"Carlos Magno, professor, jornalista de renome e querido amigo, envia-me de Portugal a foto de uma relíquia histórica que eu desconhecia. É a farda usada durante a Guerra Civil Portuguesa, entre 1832 e 1834, pelo nosso imperador Pedro I - conhecido em Portugal como Dom Pedro IV. Está em exibição no Museu Nacional de Soares dos Reis, situado no Palácio das Carrancas, na linda cidade do Porto.

Infelizmente, a histórica épica de Dom Pedro em Portugal, após a abdicação do trono brasileiro em Sete de Abril de 1831, é ainda pouco conhecida deste lado de cá do Atlântico. Nossos irmãos portugueses a conhecem bem.

Após abdicar ao trono no Rio de Janeiro, Dom Pedro I retornou à Europa, onde assumiu o título de Duque de Bragança e o comando das forças liberais que lutavam contra o irmão Dom Miguel. Seu pequeno e mal equipado exército partiu do Arquipélago dos Açores e desembarcou na cidade do Porto em Oito de julho de 1832. O local escolhido para o desembarque foi Arnosa de Pampelido, uma praia de areias grossas batida pelo vento situada na localidade de Mindelo, alguns quilômetros ao norte do Porto, onde hoje se ergue um obelisco em homenagem ao primeiro imperador brasileiro (que visitei anos atrás em companhia do mesmo amigo Carlos Magno que hoje me envia esta foto).

No Porto, D. Pedro enfrentou o terrível cerco das tropas miguelistas até o final do ano seguinte, quando, finalmente, conseguiu reverter o curso da guerra, tomar Lisboa e depor o irmão, que havia usurpado o trono português. O preço que pagou, no entanto, foi alto. D. Pedro morreu alguns meses após o final do conflito, em setembro de 1834.

Em sinal de gratidão pela resistência dos moradores durante a guerra civil, antes de morrer D. Pedro determinou que seu coração fosse doado à cidade do Porto. O órgão está hoje depositado numa ânfora de cristal mantida pela irmandade da Igreja da Lapa. Os demais restos mortais foram transferidos para o mausoléu do Ipiranga em 1972, durante as comemorações do Sesquicentenário da Independência. D. Pedro é, portanto, um soberano que mesmo depois de morto continua dividido entre Brasil e Portugal, os dois países pelos quais lutou durante seus breves 35 anos de vida."

Laurentino Gomes

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