quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O CONDE DO BRASIL

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Dom Luis Filipe, o Conde d'Eu

Cumprindo o dever de Príncipe, ao casar-se com a princesa Isabel, Gastão buscou participar ativamente do governo brasileiro, realizando comentários e aconselhando quanto ao desenvolvimento do país.

O conde d'Eu se voltou a atividades junto a sua esposa, ao tornarem-se […] patronos constantes de óperas e de concertos, patrocinando-os com o intuito de arrecadar fundos para as instituições sociais e filantrópicas que apoiavam. José Avelino, que viria a participar da primeira constituinte republicana, anos mais tarde após o fim da monarquia diria a respeito de Gaston:

"O que era possível fazer para conquistar o título de Brasileiro ele o fez: regulamentos, projetos de lei para melhor organização do Exército e aperfeiçoamento do seu material de guerra; escolas, bibliotecas, colônias orfanológicas [orfanatos] para a infância desamparada; tudo enfim quanto podia falar à gratidão das massas desprotegidas da sorte ou às diversas classes da sociedade, ele planejou ou executou na maior parte".

Quanto a guerra, quando chegou ao Paraguai, reorganizou o exército brasileiro e demitiu oficiais acusados de saques no território inimigo.

O conde d'Eu decidiu utilizar táticas diversificadas para ludibriar o exército paraguaio quanto a como e por onde o exército aliado realizaria seus ataques. Na opinião do visconde de Taunay, o conde revelou "grande habilidade estratégica, paciência de experimentado capitão, indiscutível coragem e sangue-frio".

Também participou ativamente das batalhas que ocorreram, como em Acosta-Ñu, onde correu grande risco. Foi ideia do príncipe-consorte a de extinguir definitivamente a escravidão no Paraguai, que, segundo Josefina Plá em Hermano Negro: la Esclavitud em el Paraguay, de 1972, possuía cerca de 25 mil escravos, dos quais muitos foram obrigados a lutar na guerra contra a tríplice aliança.

Contudo, Gastão sofreu críticas, após descobrir que o general João Manuel Mena Barreto havia falecido (ele morrera ao salvar a vida do conde em um ataque de granada), na batalha que resultou na conquista de Piribebuy, quando ordenou o degolamento do coronel Pablo Caballero, assim como do chefe político da vila, Patrício Marecos.

Em setembro, desanimado com a falta de condições materiais do exército brasileiro para prosseguir na perseguição a Solano López, e vendo negado seu pedido de por término à guerra, o conde d'Eu entrou em depressão e praticamente se retirou da condução de exército aliado na guerra, que viria somente a terminar em 1 de março de 1870, com a morte do ditador paraguaio.

Ao retornar ao Brasil, em 29 de abril de 1870, Gastão foi recebido como herói e com grande manifestação popular, além de ter sido nomeado conselheiro de Estado em 6 de julho do mesmo ano. Retornando da Guerra do Paraguai como marechal-de-exército, tornou-se membro de diversas associações estrangeiras e brasileiras.

Foi condecorado com a medalha da Rendição de Uruguaiana, de Mérito Militar, da Campanha da África e a grã-cruzes da Saxônia de Ernesto Pio, das ordens portuguesas da Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito, de Cristo, e de São Bento de Avis, da ordem belga de São Leopoldo, da mexicana da Águia Vermelha e cavaleiro da ordem espanhola de São Fernando.

Visitou boa parte do país, mais do que qualquer outro membro da família imperial, inclusive a região sul, assim como o nordeste, norte e inclusive o interior de Minas Gerais. No final do império, empreendeu uma grande viagem ao norte do Brasil, […] que foi um sucesso, demonstrando que a monarquia ainda contava com um apoio considerável no país.

Viajando no vapor Alagoas chegou a Manaus em 3 de julho, onde visitou a câmara municipal, várias repartições, quartéis, escolas e assistiu a espetáculo especial no Éden Theatro, tendo depois se hospedado no edifício do Liceu, único considerado apto a receber o Príncipe imperial. Dias depois seguiu viagem pelo rio Solimões, chegando até a fronteira com o Peru, a bordo do vapor Pumari, acompanhado de seu camareiro, o barão de Corumbá, alguns deputados provinciais e do cientista João Barbosa Rodrigues, enviado para Manaus para instalar o Museu Botânico do Amazonas por iniciativa direta da princesa Isabel.

Retornou a Manaus, ficou hospedado no Palácio do Governo e visitou outros colégios e repartições, finalmente regressou ao sul do país no vapor Pumari, em 14 de julho de 1889.

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