Quando da construção da identidade nacional, figuras de heróis têm frequentemente um papel não negligenciável. Na Suíça, foi a figura de Guillaume Tell; nos Estados Unidos, os founding fathers. Para a República do Brasil também havia "pais fundadores", os instigadores da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889.
Mas eles defendiam concepções de República muito divergentes: Deodoro da Fonseca optava por uma República militar, Benjamin Constant, por uma República "sociocrática" (seguindo a terminologia de Comte), e Quintino Bocaiuva (1830-1912), por uma República liberal. De um modo significativo, os republicanos radicais não eram representados no governo.
Benjamin Constant, o positivista mais em voga e diretor da Escola Militar, que ocuparia no novo governo o cargo de ministro da Guerra e, em seguida, da Instrução Pública, Correios e Telégrafos, foi explicitamente designado na Constituição como um dos "fundadores da República" (Bernecker et alli 2000:216).
O primeiro presidente do governo provisório foi, no entanto, Deodoro da Fonseca, que não se entendia com Benjamin Constant. Deodoro da Fonseca fracassou, aliás, em sua tentativa de golpe de Estado "de cima para baixo", retirando-se da vida pública e falecendo, logo em seguida, em 1892. Benjamin Constant morreria um ano antes.
Os três políticos que defendiam concepções bastante divergentes de República não estavam aptos a assumir um papel consensual de "pais fundadores”.
Foto: Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, herói do Império.
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